Opinião
Cérebros à medida para 25 milhões
Com 25 milhões de euros quantos cérebros se conquistam? Um insuspeito investigador como Manuel Sobrinho Simões diz que uma dúzia.
Com 25 milhões de euros quantos cérebros se conquistam? Um insuspeito investigador como Manuel Sobrinho Simões diz que uma dúzia.
É caso para dizer poucos mas bons. 25 milhões de euros é o orçamento de que dispõe o Ministério da Ciência para, nos próximos dois anos e meio, fazer regressar a Portugal investigadores que estão a desenvolver o seu trabalho em unidades no estrangeiro ou atrair cientistas de outras nacionalidades.
Os requisitos exigidos para aceder ao complemento previsto são bem definidos: 100 artigos científicos publicados em revistas internacionais reconhecidas e 200 citações em trabalhos de outras equipas ou supervisão de 10 doutoramentos, 50 artigos e 100 citações.
Já vieram vozes a terreiro dizer que são fasquias demasiado elevadas. Mas não deve ser-se exigente na investigação?
Apesar das boas intenções, o que este diploma não resolve são aspectos críticos do sistema de investigação nacional.
Os investigadores podem ser atraídos pelos suplementos de remuneração, mas precisam de ser recebidos nos institutos e nas universidades.
Que não abrem vagas e quando as abrem são para encaixar o pessoal da casa. Precisam de condições de trabalho, físicas e económicas.
Um conjunto de condições que explicam que os portugueses saiam de Portugal e os europeus de um modo geral prefiram os Estados Unidos.
Depois de tão rigorosos requisitos de entrada, o diploma é omisso quanto à avaliação.
Sendo o apoio concedido por dois anos, quais os critérios para aferir a qualidade do trabalho realizado e decidir da continuidade do apoio.
Apesar das limitações apontadas, é de saudar o novo modelo de financiamento do sistema científico português e o regresso das preocupações com a I&D por parte do actual Executivo.
A provar que há vida para lá do orçamento...