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01 de Fevereiro de 2011 às 08:45

Acções dos EUA: ênfase nas variáveis fundamentais

Os investidores têm sido subjugados por manchetes que anunciam uma maior regulação financeira, maior desemprego e uma eventual recessão dupla.

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Deste modo, muitos ignoraram o que realmente determina os preços das acções, as variáveis fundamentais.
Existem múltiplas razões pelas quais os investidores devem estar optimistas quanto ao mercado dos EUA em 2011; eis três questões fundamentais nas quais nos temos centrado:

1. As valorizações parecem atractivas de acordo com as metodologias de preço-resultados (normalizado ou a prazo) e preço-fluxo de caixa.
2. Os lucros empresariais nos EUA são fortes, dado que o sector privado está a regressar a níveis recorde de lucros.
3. A qualidade de ganhos está a melhorar, impulsionada por uma maior eficiência e desalavancagem.

Variáveis fundamentais de valorização
Um método para valorizar o mercado accionista é o rácio preço-resultados a prazo. A longo prazo, o desempenho do mercado está estreitamente correlacionado com os resultados a prazo e, por conseguinte, os ganhos esperados são uma previsão razoável dos retornos do mercado accionista.

Ao considerar o rácio preço a prazo-resultados (P/E), utilizando as estimativas de consenso em Wall Street, as estimativas dos analistas têm sido razoavelmente precisas ao preverem o desempenho de mercado e, como tal, são úteis para a análise de P/E.

Ouvimos frequentemente o argumento de que o recente crescimento de ganhos foi inteiramente impulsionado pela melhoria de margens à medida que as empresas reduziram os custos e isto não pode continuar para sempre. Embora seja verdadeiro que as margens operacionais melhoraram, também é verdade que as receitas recuperaram significativamente à medida que a economia recuperava.

Ao longo dos últimos dez anos, houve uma forte correlação entre a variação de percentagem em termos anuais nas vendas por acção para o S&P 500 e a variação de percentagem em termos anuais no PIB - por conseguinte, à medida que a economia dos EUA cresce, as maiores empresas deverão beneficiar da maior procura. Além disso, as empresas dos EUA funcionam num mercado global, por isso, mesmo que a economia interna cresça a uma taxa relativamente baixa, a exposição internacional pode ajudar a fornecer um impulso adicional.

Verificar a qualidade dos ganhos
Para se obter uma melhor apreciação sobre a qualidade dos ganhos, devemos olhar para os rácios de rentabilidade e compará-los ao longo do tempo. Um rácio de rentabilidade comummente utilizado é o retorno sobre as acções (ROE), que é rendimento líquido/capital accionista. Como o nome sugere, o ROE tenta quantificar o retorno do investimento no capital dos accionistas.

A qualidade dos resultados está a melhorar
A discriminação do ROE nos dois últimos ciclos de negócios demonstra que as empresas cortaram custos para melhorar as margens e, em virtude disso, as margens de lucro líquidas subiram substancialmente, impulsionando mesmo a recente retoma na rentabilidade.

Simultaneamente, as empresas conseguiram manter, ou mesmo melhorar, o respectivo rácio de volume de negócios - uma medida da eficácia com que estão a gerar vendas tendo em consideração a dimensão dos respectivos balanços financeiros. Pode, também, argumentar-se que se o pagamento de dividendos for retomado, o rácio de volume de negócios dos activos aumentará (menos liquidez no balanço financeiro = menor denominador) elevando, por conseguinte, o ROE.

Embora a alavancagem financeira sempre tenha desempenhado e continue a desempenhar um poderoso papel na rentabilidade, a recuperação do ROE ao longo desta recuperação não tem estado dependente da alavancagem. De facto, como o sector dos agregados familiares, as empresas parecem estar a desalavancar activamente. Presumivelmente, isto chegará eventualmente a um fim e quando as empresas começarem a usar a alavancagem deveremos começar a assistir a um correspondente aumento no ROE global.

O modelo fundamental para as acções dos EUA permanece forte
Os dados económicos dos EUA permanecem mistos e a previsão é ainda incerta. Não obstante, conforme recentemente demonstrado pela Reserva Federal ao embarcar numa segunda ronda de alívio quantitativo, as autoridades permanecem empenhadas em impulsionar o crescimento. A actual incerteza passará eventualmente e a ênfase voltará novamente às variáveis fundamentais. E as variáveis fundamentais parecem boas.

Com estas três forças fundamentais (valorizações P/E, rentabilidade, qualidade de retornos) a combinarem-se com uma baixa inflação, conjuntura de baixas taxas de juros (geralmente um positivo no ambiente negocial), acreditamos que as acções dos EUA estejam bem posicionadas para proporcionar retornos fortes a longo prazo.


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