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23 de Maio de 2005 às 13:59

A escolha do CEO

Esta é a altura em que se começa a pensar em substituir os dirigentes das empresas públicas ou com influências do Governo. Mudam-se os governos, mudam-se as vontades. Esta é uma realidade que me faz muita confusão, até porque é um forte indicador de que s

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Porque é que se deve despedir um CEO? Em primeiro lugar, porque não consegue satisfazer as expectativas dos accionistas que o nomearam, sem uma razão considerada suficientemente válida; em segundo lugar, por questões de conduta (legal ou moral); em terceiro lugar, por se desejar determinado tipo de mudança, susceptível de ser mais facilitada por outro tipo de perfil. Não faz parte dos manuais escolares ou de boas práticas a substituição por pertencer ao partido errado ou por ter sido nomeado/a por alguém de outra cor política. Mas enfim, compreendo que, em alguns casos, seja necessário satisfazer determinadas expectativas.

Dito isto, é no mínimo, prudente, que as escolhas dos substitutos seja feita com base em critérios profissionais. É fundamental que tenhamos consciência que não é por o nome de alguém ser muito conhecido ou por já ter sido CEO várias vezes que a sua capacidade é boa. Ter muita experiência, apenas significa que se fez durante muito tempo determinada coisa, independentemente da qualidade daquilo que se fez. Por vezes, a experiência, quando mal sucedida e repetida, até pode ter o efeito perverso de ser interiorizada como boa, da mesma forma que, para algumas pessoas, uma mentira dita muitas vezes passa a ser uma verdade. Infelizmente, somos um País muito provinciano em que as escolhas recaem sobre uma elite pouco renovada e renovável e onde o conhecimento pessoal ou a recomendação de conhecimentos pessoais é o método predilecto de recrutamento de alta direcção.

Recrutar um CEO é um processo que deveria ser mais cuidado do que aquilo que geralmente é. É importante que à frente das organizações sejam colocadas pessoas que, em situações e ambientes idênticos, já tenham sido capazes de fazer a diferença, para melhor.

Pessoas que possam evidenciar, na sua carreira, um conjunto de sucessos prováveis e não, um conjunto de desculpas por não terem conseguido fazer melhor nos sítios por onde passaram. Pôr alguém à frente de uma empresa, ou numa administração, não deve ser um pagamento de favores nem um favor a um amigo. Más decisões, a este nível, têm um custo de oportunidade elevadíssimo que, no limite, acaba por ser suportado por todos nós.

Portugal, apesar de pequeno e da ilusão que alguns têm de que se a pessoa «A» não for conhecida é porque não é boa, tem muitos quadros excelentes, com provas dadas, mas que muitas vezes nem sequer chegam a ser considerados porque não fazem parte da tal elite.

Confesso que não entendo a razão pela qual a confiança política é tão importante para manter, escolher ou despedir um dirigente de uma organização. Os gestores devem ser avaliados pela capacidade de fazerem aquilo com que se comprometeram. Um gestor de confiança é alguém que sabe tomar as decisões certas, na altura certa e não um homem de mão de alguém que anda ao sabor dos acontecimentos ou alguém com muita visibilidade e / ou currículo mas com poucos resultados verdadeiramente alcançados.

Para bemde todos nós, era bomque os governos passassem a despedir melhor e a contratar melhor. No meio empresarial, deveriam importar mais os resultados e menos a política e, ainda menos, a politiquice.

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