Opinião
0 prémio Nobel da Paz liquida o inimigo público nº 1
(Onde o autor, arregaçando a sua memória de elefante e mergulhando sem rede nos media norte-americanos, expõe umas ideias possivelmente curiosas sobre a eliminação de Bin Laden, a estatura política de Obama e a nossa inevitável e sempre apreciada teoria da conspiração).
Por esta hora, o nosso Osama poderá estar bem melhor que nós, ele envolvido com 72 virgens (belíssimas) que, tudo correndo bem para ele, já não o serão, e nós subjugados pela bancarrota socrática para dez anos, tudo túnel. Para ele é também uma sorte que, para cobrar tão invejável recompensa, não se imponha um permanente ascetismo guerreiro como o que exibia nos filmes, Kalashnikov a tiracolo e leito de pedras para descansar. Realmente, segundo os lacaios do Grande Satan que o liquidaram, não se vivia mal em Abbotabad, em moradia de luxo, camas "king size", mordomias e esposas jovens , presumo eu bem melhores que aquele bacamarte da Michelle.
Tudo bem visto, as coisas correram afinal pelo melhor para todos, pois, pelo seu lado, Obama tão pouco se pode queixar, a sorte premiando a ousadia. Ao fim e ao cabo, tudo se baseava em presunções e as probabilidades de êxito não excediam 60%, o que poderia mostrar-se coisa bem diminuta se a aragem que faz desencadear o furacão tivesse aparecido e tudo terminasse num grande fiasco modelo Carter ou Kennedy. E a escolha foi o cirúrgico assalto e não o massivo bombardeamento B1, para recuperar o corpo. Já aqui escrevi, com a lucidez fosfero-ferrero que caracteriza estas crónicas, que Obama lembra Reagan e eu penso que o êxito o persegue também a ele. Até a anedota do Prémio Nobel da Paz… Neste domínio, gosto da ironia de se saber que a pista do correio que conduziu a Bin Laden apareceu em Guantánamo, ainda por encerrar, graças a um desagradável "waterboarding" a Kalid Sheik Muhamed, o cérebro da operação do 11 de Setembro. Ah! Os bons espíritos e a suja lama do dia a dia…
Convém não esquecer que aquilo pelos Estados Unidos vai uma autêntica balbúrdia e até os nossos amigos da Standard&Poor's ameaçam macular o triplo A americano, o que significaria o fim do mundo civilizado tal como o conhecemos. Guerras exaustivas externas e insanas disputas partidárias (o orçamento esteve em risco!), quando a liderança internacional passou de indiscutível para eventual, conforme o momento eleitoral Sarkozy (a administração até inventou uma eufemística "liderança de retaguarda"), deixam apreensivos os que se habituaram ao conforto do polícia mundial a favor dos "good guys".
O que é facto é que iam ganhando terreno os que vêem a direcção dos negócios estrangeiros por Obama a fugir para o flácido, longe da estatura de superpotência surgindo como prova disso a indecisão gerindo a revolução democrática árabe, longe de um peremptória política unitária. Os seus apoiantes recordam a atitude firme com Mubarak, mas aí as coisas eram fáceis, sendo o Egipto um gigantesco colector de ajuda externa e o exército nacional uma instituição claramente ligada à América e oferecendo a imprescindível estabilidade em tempos voláteis. Com os Assads as coisas complicaram-se e mudaram e com Gaddafi nem a retórica chegou a condizer com as acções ou omissões, apesar da grande visibilidade. Valeu aqui a testoterona das mulheres da administração, nomeadamente a advocacia no Conselho de Segurança de Susan Rice, na questão da exclusão aérea. Ora voltando ao ponto, pode bem acontecer que a operação Bin Laden restitua a estatura de Obama, tal como Granada fizera com Reagan, bem abalado com a operação Líbano em 1983.
E a inevitável teoria da conspiração, mesmo a pedir floreados dada a ausência do corpo de Bin Laden? Esta secção costuma dar suculentos momentos de gozo, e, relacionadas, até temos o próprio 11 de Setembro e a nacionalidade árabe de Obama. Para salvar a situação, lá apareceu o ministro das secretas iranianas a assegurar que Bin Laden morreu por doença há 5 anos. Há sempre que ter esperança na natureza humana e nos paranóicos e atrasados mentais, para citar o Stan do "South Park".
Advogado, autor de " Ganhar em Bolsa" (ed. D. Quixote), "Bolsa para Iniciados" e "Crónicas Politicamente Incorrectas" (ed. Presença). fbmatos1943@gmail.com
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Tudo bem visto, as coisas correram afinal pelo melhor para todos, pois, pelo seu lado, Obama tão pouco se pode queixar, a sorte premiando a ousadia. Ao fim e ao cabo, tudo se baseava em presunções e as probabilidades de êxito não excediam 60%, o que poderia mostrar-se coisa bem diminuta se a aragem que faz desencadear o furacão tivesse aparecido e tudo terminasse num grande fiasco modelo Carter ou Kennedy. E a escolha foi o cirúrgico assalto e não o massivo bombardeamento B1, para recuperar o corpo. Já aqui escrevi, com a lucidez fosfero-ferrero que caracteriza estas crónicas, que Obama lembra Reagan e eu penso que o êxito o persegue também a ele. Até a anedota do Prémio Nobel da Paz… Neste domínio, gosto da ironia de se saber que a pista do correio que conduziu a Bin Laden apareceu em Guantánamo, ainda por encerrar, graças a um desagradável "waterboarding" a Kalid Sheik Muhamed, o cérebro da operação do 11 de Setembro. Ah! Os bons espíritos e a suja lama do dia a dia…
O que é facto é que iam ganhando terreno os que vêem a direcção dos negócios estrangeiros por Obama a fugir para o flácido, longe da estatura de superpotência surgindo como prova disso a indecisão gerindo a revolução democrática árabe, longe de um peremptória política unitária. Os seus apoiantes recordam a atitude firme com Mubarak, mas aí as coisas eram fáceis, sendo o Egipto um gigantesco colector de ajuda externa e o exército nacional uma instituição claramente ligada à América e oferecendo a imprescindível estabilidade em tempos voláteis. Com os Assads as coisas complicaram-se e mudaram e com Gaddafi nem a retórica chegou a condizer com as acções ou omissões, apesar da grande visibilidade. Valeu aqui a testoterona das mulheres da administração, nomeadamente a advocacia no Conselho de Segurança de Susan Rice, na questão da exclusão aérea. Ora voltando ao ponto, pode bem acontecer que a operação Bin Laden restitua a estatura de Obama, tal como Granada fizera com Reagan, bem abalado com a operação Líbano em 1983.
E a inevitável teoria da conspiração, mesmo a pedir floreados dada a ausência do corpo de Bin Laden? Esta secção costuma dar suculentos momentos de gozo, e, relacionadas, até temos o próprio 11 de Setembro e a nacionalidade árabe de Obama. Para salvar a situação, lá apareceu o ministro das secretas iranianas a assegurar que Bin Laden morreu por doença há 5 anos. Há sempre que ter esperança na natureza humana e nos paranóicos e atrasados mentais, para citar o Stan do "South Park".
Advogado, autor de " Ganhar em Bolsa" (ed. D. Quixote), "Bolsa para Iniciados" e "Crónicas Politicamente Incorrectas" (ed. Presença). fbmatos1943@gmail.com
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