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21 de Setembro de 2016 às 19:35

Merkel: o albatroz do projeto europeu

Os líderes europeus limitaram-se a voltar a oferecer visões idílicas da Europa em que já ninguém acredita e a prometer que tudo irá correr pelo melhor a um povo para quem tudo tem piorado.

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A FRASE...

 

"Partido da chanceler tem o pior resultado de sempre na cidade [de Berlim]. Alternativa para a Alemanha (AfD) entra no parlamento da capital."

 

Público, 19 de setembro de 2016

 

A ANÁLISE...

 

A chanceler Merkel corre risco de vida político, apesar de a economia alemã ser um oásis na Europa. A um ano das eleições gerais, a líder germânica pouco pode contra as duas maiores queixas da classe média: a questão dos refugiados, que justa ou injustamente está a exacerbar o sentimento de insegurança da população, e as taxas de juro negativas, que funcionam como um imposto para uma nação de aforradores inveterados. Neste contexto, o AfD, um partido relativamente recente, mal estruturado e de mensagem pouco coerente tomou de assalto a cena política alemã, capturando largas faixas do eleitorado anteriormente afeto ao partido de Merkel e triplicando a sua votação face às últimas eleições federais (2013). Isto é um problema para Europa. A sra. Merkel era a cola que ia segurando os cacos em que se está tornar a UE. O seu rapidíssimo declínio ameaça retirar o chão do projeto europeu, numa altura em que a espiral centrífuga que se impôs na realidade europeia ganhou uma nova dinâmica com a saída do Reino Unido. O pior é que ninguém nas estruturas do poder parece querer aprender com os erros.

 

Ainda agora na cimeira de Bratislava, ao invés de mudarem de política na tentativa de esvaziar as pretensões dos partidos antieuropeus (da direita e da esquerda), os líderes europeus limitaram-se a voltar a oferecer visões idílicas da Europa em que já ninguém acredita e a prometer que tudo irá correr pelo melhor a um povo para quem tudo tem piorado, sobretudo em tratando-se da classe média, que é o segmento socioeconómico que decide as eleições. O definhamento de Merkel é o sinal mais claro da tempestade que avança lesta sobre a barcaça da União Europeia.

 

Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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