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Opinião
20 de Setembro de 2017 às 18:09

Dúvidas existenciais...

Quando, no já longínquo ano de 1963, Mundell escreveu "Uma Teoria de Uniões Monetárias Óptimas" para a American Economic Review, deixou uma importante lição que, a propósito das declarações de Jean-Claude Juncker, vale a pena recordar.

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A FRASE...

 

"Juncker quer todos os países da UE na Zona Euro em 2019."


Jornal Público, 13 de Setembro de 2017

 

A ANÁLISE...

 

O artigo abre com: "Num regime de taxas de câmbio fixas, a rigidez dos salários e dos preços impede os termos de troca de desempenhar o seu papel natural no processo de ajustamento do desequilíbrio da balança de pagamentos." Ao mesmo tempo, reconhece que, em certas circunstâncias, a alternativa mais plausível – i.e., câmbios flutuantes − nem sempre é praticável.

 

Perante este dilema, explora uma tese que vai no sentido de identificar áreas monetárias óptimas, em que os países mantêm um regime de câmbios fixos, ou tendencialmente fixos, entre si. Partindo da questão "Qual o domínio apropriado para uma união monetária?", Mundell identifica as condições que permitem a uma união monetária ser bem-sucedida.

 

Defende, em primeiro lugar, a necessidade de os países-membros demonstrarem evidência de forte integração, ou seja, elevado fluxo de trocas comerciais entre si e ciclos económicos coincidentes.

 

Acresce-lhe, um mercado de trabalho flexível, capaz de responder eficazmente a choques externos por via, quer do ajustamento dos salários reais quer da mobilidade dos trabalhadores (i.e., migrações). Junta-lhe, ainda, a flexibilidade dos trabalhadores para se adaptar a empregos que exigem qualificações variadas, bem como a disponibilidade para aceitar contratos de curta duração.

 

Finalmente, é imprescindível que os Estados-membros se comprometam com uma política de transferências fiscais entre si, de modo a estabilizar a procura e oferecer assistência financeira aos países em dificuldades.

 

Nada de novo, quando do prisma do Estado-nação. Também, nada importante, se não existir uma preocupação com a emigração ou a precariedade do trabalho. Mas, transportado para o espaço europeu, e num mundo em profunda mutação tecnológica, apetece perguntar: "Que modelo de sociedade se projecta para o futuro?"

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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