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05 de Novembro de 2019 às 18:51

Honestidade intelectual é incompatível com política?

Se há algo comum em todas as crises é a excessiva acumulação de dívidas, quer sejam públicas, bancárias, empresariais, ou de consumidores. É um risco para toda a sociedade.

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A FRASE...

 

"O liberalismo dura até ter de pedir dinheiro ao Estado...Foi com base neste mundo maravilhoso que se desregulou a finança, na esperança do milagre da perfeição do mercado livre." 

 

Francisco Louça, Expresso, 1 de novembro de 2019

 

A ANÁLISE...

 

Segundo os economistas Rogoff e Reinhart, na sua análise de 8 séculos de crises de história financeira, orçamental, bancária e cambial, cada geração identifica a sua crise como diferente da dos outros. A história prova o contrário. Se há algo comum em todas as crises - querem sejam as de monarquias absolutas, as constitucionais, as sociais democratas, as democratas-cristãs, as socialistas ou não de regimes autoritários, ou as dos liberais - é a excessiva acumulação de dívidas, quer sejam públicas, bancárias, empresariais, ou de consumidores. É um risco para toda a sociedade. Esta, como um todo, vai ter de a suportar. Assacar responsabilidades ao liberalismo, conformar-se com as confissões de Greenspan dos erros cometidos e regozijarmo-nos com a mão divina de intervenção do Banco Central dos EUA e do Governo dos EUA com os dinheiros públicos usados pelos bancos na crise de 2008 recorda-me Mankiw: "um economista que afiança que todas as políticas públicas são de soluções fáceis é um economista que não é de afiançar".

 

E o que dizer das crises macroeconómicas, por exemplo, da Venezuela, da Argentina, do Brasil, dos países asiáticos ou dos ex-países da Cortina de Ferro, e as soluções encontradas com o imposto da inflação, com congelação de salários, descidas do PIB e elevadas taxas de desemprego? E porque não recordar as políticas públicas erradas do governo americano do Senhor Clinton e Bush da democracia dos proprietários (subprime) e dos organismos estatais Fannie Mae e Freddie Mac? Os perdedores foram sempre os trabalhadores, aforradores, capitalistas e os contribuintes. Há alternativa? Recordar os "dinheiros públicos" - omitindo que o dinheiro é dos cidadãos e torna-se público através de impostos e taxas - atribuir apenas responsabilidades aos banqueiros ou ao pretenso liberalismo num problema desta complexidade é como dizia Innerarity sobre o problema da Catalunha: se "uns têm toda a razão e outros estão no canto dos loucos ou dos estúpidos, então o problema é o autor das descrições".

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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