Opinião
Quando ser segundo é melhor
Para se ser original e ter sucesso não é preciso ser o primeiro; pode ter vantagens ser o segundo, sendo diferente, sendo persistente e sendo melhor.
Ser o primeiro nem sempre é o melhor. As primeiras ideias para um novo negócio, por exemplo, muitas vezes são irrealistas. As primeiras ideias são as primeiras, por isso, são pouco trabalhadas e não estão testadas, diz Adam Grant na obra "Originais: como os não-conformistas mudam o mundo".
As primeiras empresas a avançar em novos negócios têm uma taxa de insucesso de 47%, refere Grant. As que se seguem, que avançam em segundo lugar, beneficiando da experiência das primeiras, vêem a taxa de insucesso descer para os 8 %.
Antes do Facebook surgiram o MySpace, o High Five, o Friendster e outras redes sociais. Antes do Google houve o Altavista, a Yahoo e outros motores de busca. Em parte, é mais fácil melhorar o que os outros fizeram do que ser original. É mais fácil e pode ser mais eficaz, embora a boa execução e a boa gestão, evidentemente, não sejam fáceis. No início de uma nova actividade existem contratempos, erros, enganos e surpresas. Não ficar preso nas primeiras etapas do trabalho é chave; saber aprender, saber mudar e avançar rápido.
Na originalidade há um aspecto relevante, que é esquecido muitas vezes. É importante tentar muitas vezes, porque a originalidade que faz a diferença não assenta numa ideia, mas em dezenas ou centenas de ideias. Quem tem mais sucesso não tem apenas melhores ideias do que os outros. Tem melhores e tem piores ideias; tem sobretudo muito mais ideias do que os outros. E tem também a capacidade de perceber cedo se a ideia tem pés para andar. Trabalhar num ambiente inovador ajuda, porque facilita a comunicação, o feedback e a aprendizagem.
Por isso, concluindo, para se ser original e ter sucesso não é preciso ser o primeiro; pode ter vantagens ser o segundo, sendo diferente, sendo persistente e sendo melhor.
Professor na Universidade Católica Portuguesa