Opinião
O silêncio da troika
A troika aterrou na segunda-feira em Lisboa, com vento de norte e os juros da dívida portuguesa a ultrapassarem os 7%. É uma troika nova, com dois novos técnicos: o irlandês John Berrigan (CE) e Subir Lall (FMI) – Subir é nome, não é alcunha. Infelizmente, para nós, o FMI foi buscar o único indiano que acha que não há vacas sagradas.
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A troika aterrou na segunda-feira em Lisboa, com vento de norte e os juros da dívida portuguesa a ultrapassarem os 7%. É uma troika nova, com dois novos técnicos: o irlandês John Berrigan (CE) e Subir Lall (FMI) – Subir é nome, não é alcunha. Infelizmente, para nós, o FMI foi buscar o único indiano que acha que não há vacas sagradas.
Os parceiros sociais, que estiveram reunidos com a troika, dizem que os credores internacionais mantiveram-se em silêncio durante toda a audiência e não responderam a nenhuma das perguntas. Justificaram-se dizendo que não se podem pronunciar porque "estão de chegada". – Não falo enquanto não comer um pastel de Belém – terá dito um deles. O principal problema é mesmo esse. Ao contrário do prometido, eles não estão de partida.
Vi as imagens do encontro e acho que os cobradores do fraque da troika estão com ar de: "meus amigos, até o Costa Concordia já regressou aos mercados". Subir Lal respondeu a todas as respostas com um: "Nom compriendo espanol". E o John Berrigan estava a pensar: "não percebo o que eles dizem, mas estes tipos parecem gregos."
Também é possível que a troika se mantenha calada, porque é a única forma de manter o bom senso que o Presidente da República pediu. Parecendo que não, nunca um Presidente da República tinha feito um pedido a um funcionário de categoria D do FMI e da Comissão Europeia. Eles até telefonaram aos filhos a contar que não estavam em casa porque um Presidente da República lhes tinha pedido coisas. Foi uma emoção superior àquela que tiveram quando a Lagarde lhes enviou um postal de Natal. Mas o mais provável é a troika não saber o que fazer e estar a ganhar tempo. Estamos em semana de eleições alemãs e o que fazia sentido era ser feriado em toda a Europa.
Os "robots" enviados pela troika parecem estar a patinar ligeiramente, mas não se deixem enganar. As ordens que têm são claras: eles são o exterminador e nós somos a Sarah Connor. Não adianta tentar falar com um Arnold Schwarzenegger de metal. Ele não é sensível à raça humana. Só vê números e gráficos.
Só há uma forma de o parar: dar-lhe novas instruções. Se alguém conseguir instalar-lhes a informação que o FMI esta semana está a defender - limite de velocidade à austeridade - quem sabe eles não largam as pensões e vão instalar radares no conselho de ministros. Ou, quem sabe, vão convencer os juízes do TC a usarem a farda da Brigada de Trânsito.
Na minha modesta opinião, nós já não estamos em condição de pedir. Ou exigimos, ou não vale a pena. Eles estão cá há dois anos, já não fazemos cerimónia. Seja como for, para quê pedir para flexibilizar o défice (de 4%), se nós não o vamos conseguir atingir? A flexibilização vai acontecer de forma natural...
TOP 5 SUBIR LALL
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- Há tantos.
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