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26 de Outubro de 2015 às 19:45

Empreendedorismo - o futuro que os alunos preparam nas universidades

O tema empreendedorismo tem vindo a ser abordado em múltiplos fóruns e por todo o tipo de órgãos de comunicação social; contudo, pouco se tem dito sobre a evolução qualitativa da dinâmica empreendedora constatável entre os estudantes universitários.

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Na última década, grande parte dos jovens universitários, sobretudo nos cursos das várias áreas da gestão, tem deixado claro o interesse de participar em projectos e movimentos com características empresariais organizados pelos próprios estudantes e que estes consideram essenciais para o seu autodesenvolvimento.

 

Ao longo dos últimos dez anos, na licenciatura de Gestão de Marketing, tenho lecionado uma cadeira do 2.º ano, em que peço aos alunos para elaborarem um sintético PDP (Plano de Desenvolvimento Pessoal) a cinco anos; neste documento é bem percetível a apetência geral dos estudantes no que se refere a experiências organizativas que contribuam para a sua formação.

 

Este desejo poderia não ser mais do que uma intenção escrita numa folha de papel, mas o facto é que tenho podido constatar o crescente envolvimento dos alunos em iniciativas das mais variadas. Desde as tradicionais associações de estudantes, com as suas múltiplas atividades, as tão criticadas "praxes" que, sendo praticadas com base nos valores corretos de integração e socialização, podem ter um papel educativo importante, até aos comités locais da AIESEC (Associação Internacional de Estudantes de Ciências Económicas e Empresariais), passando pelos núcleos de alunos dos diversos cursos e, mais recentemente, às Juniores Empresas.

 

Nascidas nas universidades, as Juniores Empresas são provavelmente a mais recente concretização deste espírito empresarial e um dos melhores exemplos a encarnar os valores do empreendedorismo juvenil; vale, por isso, a pena detalhar um pouco a sua atividade em Portugal. 

 

O conceito de Júnior Empresa surgiu em França, em 1967, com o objetivo de desenvolver o espírito empreendedor nos estudantes universitários aproximando-os da realidade empresarial; atualmente o conceito encontra-se espalhado por diversos países.

 

As Juniores Empresas são associações constituídas por estudantes universitários, que vendem os seus serviços a entidades externas e que visam "proporcionar aos seus membros as condições necessárias à aplicação prática de conhecimentos teóricos adquiridos nas respetivas áreas de formação profissional e promover o espírito empreendedor".

Em Portugal, a Federação Portuguesa de Juniores Empresas foi criada em 2005; dez anos após, integra 12 empresas com esta tipologia, muito embora este conceito esteja em fase de incubação em vários estabelecimentos de ensino universitário, perfazendo, de facto, cerca de 37 empresas.

 

Tive a oportunidade de ter acompanhado a criação da Júnior Empresa do ISCTE-IUL, em 2010, e vi como rapidamente o conceito foi aceite, de tal forma que promove anualmente um processo de seleção e recrutamento com grande procura por parte de potenciais candidatos. Esta empresa conta com 50 membros - os mais talentosos e comprometidos alunos a prestar serviços diversos como estudos, consultoria e formação a diversas empresas e instituições.

 

No caso que tenho acompanhado, os resultados são visíveis, quer pelo volume de negócios gerado - tendo sido a primeira júnior nesse indicador em Portugal, em 2014 - como pela evolução profissional dos seus antigos membros, alguns dos quais abriram já as suas próprias empresas.

 

Esta experiência de criação, organização, venda e prestação de serviços é, sem dúvida, uma excelente experiência de empreendedorismo jovem que se está rapidamente a desenvolver em Portugal. Ainda no ano passado, tive oportunidade de intervir como convidado numa ação formativa interna e pude constatar o mesmo espírito empreendedor por parte de alunos de juniores de outras universidades.

 

Em conclusão, numa altura em que politicamente o país parece mergulhado num certo impasse político, com os avanços e recuos no que concerne à formação de Governo, esta referência ao espírito empreendedor dos nossos jovens pode transmitir uma nota de otimismo e de esperança num futuro mais dinâmico e inovador.

 

Professor Associado de Marketing do ISCTE-IUL

 

Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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