Opinião
Como pode uma conferência alavancar o desenvolvimento económico de um país
O espírito empreendedor de uma nova geração, alicerçando negócios fundamentalmente sustentados em tecnologia, contribuirá para um novo paradigma de desenvolvimento económico em Portugal?
Esta é uma das perguntas que se pode, muito pertinentemente, colocar no mês anterior à realização, em Lisboa, da maior conferência empresarial realizada em Portugal – a Web Summit.
Após alguns anos em que vimos assistindo à venda de "joias da coroa" das empresas nacionais ao capital estrangeiro, com deslocalização, em alguns casos, de centros de decisão para fora do país, a economia portuguesa conseguiu equilibrar, pela primeira vez nas últimas décadas, a balança comercial – uma consequência da retração das importações e do aumento das exportações, sobretudo nos setores tradicionais.
Aproveitando a instabilidade em alguns mercados de destino, como o Norte de África, e a qualificação urbana que tornou as cidades portuguesas bem mais atrativas, o setor do turismo deu também um importante contributo para a economia e para o emprego. Lisboa e Porto viram os seus centros históricos melhorarem substancialmente na última década e aproveitaram a massificação turística resultante da maior acessibilidade de preços das companhias "low-cost" e do incremento da oferta de alojamento local de alojamentos de todo o tipo, bem como as centenas de "hostels" para um público cada vez mais diversificado.
Porém, Portugal continua a sentir a falta de um setor pujante, capaz de gerar riqueza e de alavancar outros setores, como aqueles que Félix Ribeiro identificou, no final dos anos 60 – a construção naval, com a Lisnave e a Setenave, ou, nos anos 90, o setor automóvel, com a Autoeuropa.
Impulsionados por um movimento de âmbito mundial de empreendedorismo jovem e pela pressão resultante da escassez de oportunidades de emprego qualificado, muitos jovens se lançaram na "aventura" de criar a sua própria empresa nos últimos anos. Governo, autarquias e universidades, como é o caso do ISCTE-IUL com o Audax-IUL, criaram, em muitos locais do país, estruturas de incubação e acolhimento às jovens empresas, com apoio logístico e, sobretudo, com aconselhamento.
Contudo, precisamos de mais exemplos de empresas que, tal como sucedeu com a Science4You, nos jogos e brinquedos didáticos, e com a Uniplaces, no alojamento universitário, se tornem empresas com dimensão, aproveitando as novas oportunidades tecnológicas e identificando necessidades de mercado ainda não satisfeitas.
Em boa hora, o Governo português e a Câmara Municipal de Lisboa tomaram a decisão de investir (dinheiro, mas também e sobretudo, empenho e determinação), para trazer para Portugal a organização da conferência Web Summit. Sempre realizado em Dublin, este evento começou por atrair 400 pessoas, em 2010, para passar a atingir os 42.000 participantes em 2015. E talvez não tenha sido por acaso que a Irlanda – um dos países sujeitos a resgate, tal como Portugal, mas que logrou sair da crise de uma forma mais assertiva – acolheu e projetou este grande evento durante vários anos.
A realização da Web Summit em Portugal é naturalmente um momento único para os empreendedores portugueses irem mais além, aproveitando, como se diz em linguagem desportiva, o "fator casa". Recordo, a este propósito, as palavras proferidas por Paddy Cosgrave, co-fundador e CEO da Web Summit, na conferência "Road 2 Web Summit", realizada em 21 de setembro, no Beato, em Lisboa, aconselhando os portugueses a aproveitar a presença em Lisboa de dezenas de milhares de empreendedores estrangeiros para os abordarem com um estilo "break the rules" nos hotéis ou nos restaurantes, aprendendo e propondo negócios. Devo dizer que eu próprio segui este conselho para abordar o muito disputado Paddy no final da conferência. E querem saber? Resultou.
Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, diz com frequência que "o maior risco é não assumir nenhum risco". Parabéns, por isso, aos que assumem o risco de organizar um tão grande evento capaz de potenciar a vontade de empreender e de enfrentar riscos.
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
Após alguns anos em que vimos assistindo à venda de "joias da coroa" das empresas nacionais ao capital estrangeiro, com deslocalização, em alguns casos, de centros de decisão para fora do país, a economia portuguesa conseguiu equilibrar, pela primeira vez nas últimas décadas, a balança comercial – uma consequência da retração das importações e do aumento das exportações, sobretudo nos setores tradicionais.
Porém, Portugal continua a sentir a falta de um setor pujante, capaz de gerar riqueza e de alavancar outros setores, como aqueles que Félix Ribeiro identificou, no final dos anos 60 – a construção naval, com a Lisnave e a Setenave, ou, nos anos 90, o setor automóvel, com a Autoeuropa.
Impulsionados por um movimento de âmbito mundial de empreendedorismo jovem e pela pressão resultante da escassez de oportunidades de emprego qualificado, muitos jovens se lançaram na "aventura" de criar a sua própria empresa nos últimos anos. Governo, autarquias e universidades, como é o caso do ISCTE-IUL com o Audax-IUL, criaram, em muitos locais do país, estruturas de incubação e acolhimento às jovens empresas, com apoio logístico e, sobretudo, com aconselhamento.
Contudo, precisamos de mais exemplos de empresas que, tal como sucedeu com a Science4You, nos jogos e brinquedos didáticos, e com a Uniplaces, no alojamento universitário, se tornem empresas com dimensão, aproveitando as novas oportunidades tecnológicas e identificando necessidades de mercado ainda não satisfeitas.
Em boa hora, o Governo português e a Câmara Municipal de Lisboa tomaram a decisão de investir (dinheiro, mas também e sobretudo, empenho e determinação), para trazer para Portugal a organização da conferência Web Summit. Sempre realizado em Dublin, este evento começou por atrair 400 pessoas, em 2010, para passar a atingir os 42.000 participantes em 2015. E talvez não tenha sido por acaso que a Irlanda – um dos países sujeitos a resgate, tal como Portugal, mas que logrou sair da crise de uma forma mais assertiva – acolheu e projetou este grande evento durante vários anos.
A realização da Web Summit em Portugal é naturalmente um momento único para os empreendedores portugueses irem mais além, aproveitando, como se diz em linguagem desportiva, o "fator casa". Recordo, a este propósito, as palavras proferidas por Paddy Cosgrave, co-fundador e CEO da Web Summit, na conferência "Road 2 Web Summit", realizada em 21 de setembro, no Beato, em Lisboa, aconselhando os portugueses a aproveitar a presença em Lisboa de dezenas de milhares de empreendedores estrangeiros para os abordarem com um estilo "break the rules" nos hotéis ou nos restaurantes, aprendendo e propondo negócios. Devo dizer que eu próprio segui este conselho para abordar o muito disputado Paddy no final da conferência. E querem saber? Resultou.
Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, diz com frequência que "o maior risco é não assumir nenhum risco". Parabéns, por isso, aos que assumem o risco de organizar um tão grande evento capaz de potenciar a vontade de empreender e de enfrentar riscos.
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
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