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30 de Março de 2016 às 20:08

A Primavera de um novo desígnio nacional 

Nas últimas semanas temos vindo a assistir a uma convergência entre o Presidente da República e o primeiro-ministro, no sentido de criar um amplo consenso nacional em torno do Governo de Portugal.

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O Presidente dos afectos procura, de facto, inaugurar um "tempo novo", onde os portugueses se possam rever e agregar em volta de uma mensagem de esperança num futuro mais promissor e positivo.

 

Após um período significativamente crispado, resultante das políticas de austeridade e de intervenção da troika, assistimos, agora, a um tempo marcado pela esperança de que seja possível um consenso que oriente o país em torno do que nos une, mais do que reforçar insistentemente o que nos divide.

 

Para este clima de abertura e determinação de mudança, muito tem contribuído a nova abordagem de Marcelo Rebelo de Sousa. Em contraste com o seu antecessor, Cavaco Silva, o novo Presidente inaugurou o mandato, na sua tomada de posse, de forma a não deixar dúvidas quanto à sua determinação de mudança. Do simbolismo de ter chegado a pé à Assembleia de República à participação na cerimónia ecuménica, na mesquita de Lisboa, que contou com a presença de 19 confissões religiosas, passando pelo espectáculo musical com a juventude, em frente à C.M. de Lisboa, ao lado do presidente da Câmara, Marcelo tem marcado uma diferença recebida com agrado (quase) consensual.

 

É, agora, necessário definir uma estratégia clara para o país, com objectivos, áreas de actuação e apostas em investimento público, que oriente este desejado consenso e crie perspectivas de futuro atraindo o investimento privado.

 

Revisitando as políticas públicas dos últimos governos, destaca-se a existência de três importantes áreas, onde algumas medidas foram já iniciadas, mas cuja implementação está ainda longe de se encontrar concluída.

 

Entre os domínios a necessitarem de uma inadiável intervenção do Governo encontra-se a desburocratização dos processos administrativos, capaz de aligeirar a intervenção estatal, e o sector da Justiça, cuja celeridade em muito auxiliaria a actividade privada e a promoção do investimento, totalmente desejável e necessário ao desenvolvimento económico.

 

Outra área a requerer atenção do Governo é a valorização daquilo que é português, nomeadamente através da promoção do "made in Portugal", totalmente justificável já que o país tem conseguido afirmar-se, tanto em domínios tradicionais como a agricultura, através do vinho, azeite e hortofrutícolas, como na indústria do calçado, dos têxteis ou da alfaiataria, e mesmo em outro tipo de actividades mais modernas de que são exemplos o turismo e a produção de "software".

 

Ao mesmo tempo que estimulava os portugueses a valorizarem mais os produtos e marcas nacionais, a crise impeliu as empresas, em particular as PME, a procurarem mercados internacionais, até porque uma parte das grandes empresas foi vendida ao capital estrangeiro. Neste contexto, a aposta na internacionalização continua a ser uma prioridade, tendo em conta que o país precisa de refazer um novo tecido empresarial, assente em mercados de maior dimensão.

 

E é aqui que o papel do Presidente pode marcar a diferença, designadamente unindo os portugueses em volta de desígnios que lhes permitam perceber para onde caminham, realçando os alvos de consenso: de facto, o crescimento económico de uma nação começa naturalmente colocando as pessoas a acreditarem no país, nas suas empresas, nos seus produtos e nas suas marcas e atribuindo uma natural preferência ao seu "made in".

 

E aqui, o marketing tem um papel fundamental, servindo para estudar e monitorar as percepções, expectativas e motivações dos diferentes grupos de portugueses e também para comunicar, explicando e mobilizando para o trabalho inevitavelmente árduo da retoma económica.

 

Num mundo cada vez mais "blended", onde os meios online se articulam e complementam os tradicionais, não será por falta de meios comunicação que os portugueses se deixarão de unir - haja objectivos, estratégias claras e capacidade de captar os mais genuínos valores dos portugueses!

 

Eis por que razão o novo chefe da nação pode, muito bem, ser o Presidente de um novo desígnio.

 

Professor de Marketing Político do ISCTE-IUL

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