Chegámos ao fim de Agosto. Se tivesse que destacar a notícia mais marcante destas férias, o meu destaque ia, claramente, para a de dia 20 (lembro-me, porque nesse dia a água estava óptima): "O plano de recuperação da empresa" A Vida é Bela foi "chumbado" pelo BES, um dos maiores credores. A notícia termina com: A Vida é Bela é irrecuperável -- uma frase marcante e uma grande verdade.

Acabou a vida é bela. É o destino. A vida era bela, não fosse a quebra das vendas, o aumento das taxas de juro, a redução dos plafonds de crédito dos bancos, o aumento da taxa de utilização dos cupões e a dívida do Estado de reembolsos de IVA. Fora isso, era do caraças.

Segundo li, "no total, são 1500 credores de uma dívida de 13 milhões de euros que não vai ser paga. A Vida é Bela vai para liquidação e, como não há activos, os credores não vão receber nada". É horrível. Dá a sensação que A Vida é Bela por fora, mas feia por dentro. Sinto-me triste de cada vez que penso nisto. Fico de lágrimas nos olhos…

Um momento, deixem-me só limpar os olhos, e assoar-me, a estes vouchers de A Vida é Bela. Já estou melhor. Passei a usar os vouchers como kleenex. Neste momento, tenho imenso muco numa escapadinha romântica de 100 euros.

Estou tão arrependido. Fui guardando as experiências radicais de A Vida é Bela, para usar mais tarde, e tramei-me. Fica apenas a satisfação de que ser enganado pela A Vida é Bela, em termos de lição de vida, acaba por ter muito valor. E é preciso ter em conta que a raiva, por não termos usado aqueles vouchers, liberta mais adrenalina que seis descidas de rápidos em canoa ou duas semanas de parapente. Mas tive um grande prejuízo. Tinha um voucher para descer os Alpes em cima de dois acordeonistas a arder e, agora, nada. Já tentei ver se podia trocar uma escapadinha romântica de luxo por meia hora com uma senhora profissional, mas elas também lêem o Jornal de Negócios. O pior é ter de voltar a pensar o que hei-de oferecer ao meu pai no Natal. É no que dá as modernices - ao menos, as meias que a minha tia me deu continuam a servir no pé, um ano depois.

O fim dos vouchers A Vida é Bela é um rude golpe no meu espírito de Natal. A seguir vou descobrir que aquelas caixas de Mon Chéri, que estão no armário desde Dezembro, não têm recheio. É muito deprimente. Só falta, este ano, a senhora do Ferrero Rocher andar de transportes públicos. E não me admirava se o Ambrósio tivesse ido para Angola, e estivesse como motorista da filha do José Eduardo dos Santos - é a única que ainda pode pensar em satisfazer desejos de requinte.

Por hoje é tudo, termino com um potente oximoro: bom fim de férias.

Top 7
Escapadinhasde Verão

1. Empresas do filho de Stanley Ho investem 49,5 milhões em projecto de jogo na Rússia - depois das autoridades russas terem confirmado que Ho não era diminutivo de homossexual.

2. Lei portuguesa estabelece multas anti-graffiti até 25 mil euros - não sei se há malta dos graffiti com 25 mil euros... só se for todos juntos, e em droga.

3. Super Bock chega à Arábia Saudita: sem álcool e com sabor a limão, maçã e romã - e chama-se: Sumol.

4. Polémica com condolências de Cavaco Silva - Cavaco fez confusão e enviou leite à família do António Borges.

5. Manuela Moura Guedes vai apresentar o "Quem quer ser milionário" na RTP - Manuela não vai ganhar nada e apenas exigiu o lugar de estacionamento de José Sócrates.
6. Bradley Manning, o soldado norte-americano condenado por passar documentos secretos à Wikileaks, quer mudar de sexo e chamar-se Chelsea - Manning é o 007 do Almodóvar.

7. Os 25 anos do incêndio no Chiado foram assinalados com um simulacro na zona atingida pelas chamas - Fontes da presidência garantem que o PR já enviou um simulacro de condolências.