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Foi preciso recuar a Dezembro de 2003 para nos lembrarmos do petróleo ao valor que atingiu em Janeiro. Foi no ano em que estreou o Senhor dos Anéis no cinema que o preço da matéria-prima cotou abaixo dos 30 dólares, valor ao qual voltou no início do ano.
Não bastava o excesso da oferta e o mercado ainda se abria a um dos maiores produtores: o Irão, que prometia encher mais os reservatórios com o fim das sanções. Foi também preciso chegar ao final do ano para que o petróleo voltasse a tocar níveis acima dos 50 dólares, e só depois da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) ter acordado um corte de produção para 2017, Irão incluído.
Ao mini-choque petrolífero ainda se juntava, no início, do ano o choque que veio da China, com as bolsas a caírem até ao que se designa mercado "urso", que acabou por arrastar para a mesma tendência os mercados europeu e norte-americano. O mês terminou com o índice chinês, Shanghai Composite, com uma queda de 23%. Na Europa, o Stoxx 600 perdeu, no mês, 6,4% e o PSI-20 acumulou uma queda de 4,7% e nos EUA o S&P 500 desvalorizou 5%. Foram dos piores arranques das bolsas mundiais das últimas décadas. Tudo porque o crescimento económico da China estava a abrandar.
Na antevisão de um ano difícil, os olhos viraram-se para os bancos centrais. Na primeira reunião do ano, o BCE, e depois das quedas do petróleo colocarem mais longe as metas da inflação, sinalizou logo estar disponível para novos estímulos. Os mercados acalmaram e olharam para o outro lado do atlântico. Depois da subida em Dezembro das taxas de juro (que não acontecia há uma década), a Fed manteve-as na primeira reunião de 2016. E em todas as outras até agora.
Isto passava-se nos mercados. Mas o mundo corria para eliminar o vírus zika. E a Bial passava pela pior crise da sua história: a morte de um voluntário em França nos testes a um fármaco seu.