- Partilhar artigo
- ...
"Os maiores bancos portugueses são obrigados a ter capital adicional a partir de 2017.
- Gosto de ouvir essas coisas.
- Porquê?
- Para o ano há perspectiva de ainda existirem grandes bancos em Portugal".
O primeiro cartoon do ano de Luís Afonso já antecipava um tema dominante de 2016: a banca.
Depois de o BCE considerar que o BPI estava sobrexposto a Angola, Isabel dos Santos propôs comprar 10% do BFA, uma proposta rejeitada pela administração de Fernando Ulrich, que doze meses depois ainda vai concluir a assembleia-geral para decidir a venda de 2% desse banco angolano à empresária. Este era assunto quente logo em Janeiro, mês que arrancou com menos um banco em Portugal.
O Banif tinha, no mês anterior, sido o segundo banco em dois anos alvo de resolução, com parte da sua actividade vendida ao Santander Totta que teve de pagar ao BCE a linha de emergência que o Banif tinha recebido e que acabou por entrar à boleia do Banif nos patrocínios ao futebol. A bola ficou mesmo só do lado do Banco de Portugal na transferência da dívida do Novo Banco para o BES de quase dois mil milhões de euros, decidida também em Dezembro, mas que deixou rastilho. Carlos Costa ficou isolado, contra investidores internacionais que atacaram a opção. A Pimco fez o ataque mais cerrado: a decisão abria um precedente perigoso e colocava Portugal ao nível da Venezuela e Argentina. Carlos Costa ouviu.
Tinha muito trabalho de casa para fazer. O Novo Banco não se conseguia vender. 12 meses depois... está ainda em processo de venda. E ainda com o problema de Cabo Verde por resolver. Em Janeiro alienou essa unidade a José Veiga, mas até este negócio voltaria atrás durante o ano. Na banca, a agitação chegava ainda à CGD. O Governo, que tinha tomado posse em Novembro, já tinha decidido: iria varrer a cúpula da CGD, pondo fim à gestão de José de Matos. 12 meses depois... a CGD ainda não acalmou e ainda não tem gestão estabilizada.
E era a banca também que condicionava as contas públicas. Mário Centeno, recém chegado às Finanças, preparava o Orçamento para 2016 quando travou o primeiro embate com Bruxelas. A Comissão Europeia queria cortes maiores do que os pretendidos pelo Governo, que admitiu logo em Janeiro que Portugal não sairia em 2015 dos procedimentos por défices excessivos por causa do Banif. Bruxelas ameaçou com sanções pelos incumprimentos orçamentais. A palavra sanções acompanhou o ano.
Traçava-se, por outro lado, o objectivo de défice para 2016: 2,8%. Mesmo revertendo decisões anteriores: regresso das 35 horas para a função pública; IVA na restauração de 13% a partir de 1 de Julho; reversão de parte da venda da TAP (nesse mês suspendeu as rotas para Bogotá, Panamá e Manaus) e das concessões de transportes; e o restabelecimento dos feriados retirados. Em Janeiro, os portugueses fizeram contas: quatro feriados e três pontes. O Governo estava a começar e havia muito para fazer, desde antecipar o crescimento do aeroporto de Lisboa – Montijo voltava a estar em cima da mesa – até à escolha de Helena Borges como mulher-forte do Fisco.
António Costa estava a começar e soube em Janeiro que Marcelo Rebelo de Sousa era o senhor que se iria seguir em Belém. O PS, que viu morrer o histórico Almeida Santos em plena campanha, não apoiou qualquer dos candidatos. Ficou com Marcelo que prometeu ser "politicamente imparcial" e promotor de "convergências políticas". Mas a geringonça já estava em funcionamento e já tinha merecido a confiança dos líderes inquiridos, em Janeiro, pelo Negócios. 70% havia dito que o Governo chegaria ao fim do ano. E assim foi.
- Gosto de ouvir essas coisas.
- Porquê?
- Para o ano há perspectiva de ainda existirem grandes bancos em Portugal".
O primeiro cartoon do ano de Luís Afonso já antecipava um tema dominante de 2016: a banca.
Depois de o BCE considerar que o BPI estava sobrexposto a Angola, Isabel dos Santos propôs comprar 10% do BFA, uma proposta rejeitada pela administração de Fernando Ulrich, que doze meses depois ainda vai concluir a assembleia-geral para decidir a venda de 2% desse banco angolano à empresária. Este era assunto quente logo em Janeiro, mês que arrancou com menos um banco em Portugal.
O Banif tinha, no mês anterior, sido o segundo banco em dois anos alvo de resolução, com parte da sua actividade vendida ao Santander Totta que teve de pagar ao BCE a linha de emergência que o Banif tinha recebido e que acabou por entrar à boleia do Banif nos patrocínios ao futebol. A bola ficou mesmo só do lado do Banco de Portugal na transferência da dívida do Novo Banco para o BES de quase dois mil milhões de euros, decidida também em Dezembro, mas que deixou rastilho. Carlos Costa ficou isolado, contra investidores internacionais que atacaram a opção. A Pimco fez o ataque mais cerrado: a decisão abria um precedente perigoso e colocava Portugal ao nível da Venezuela e Argentina. Carlos Costa ouviu.
Tinha muito trabalho de casa para fazer. O Novo Banco não se conseguia vender. 12 meses depois... está ainda em processo de venda. E ainda com o problema de Cabo Verde por resolver. Em Janeiro alienou essa unidade a José Veiga, mas até este negócio voltaria atrás durante o ano. Na banca, a agitação chegava ainda à CGD. O Governo, que tinha tomado posse em Novembro, já tinha decidido: iria varrer a cúpula da CGD, pondo fim à gestão de José de Matos. 12 meses depois... a CGD ainda não acalmou e ainda não tem gestão estabilizada.
E era a banca também que condicionava as contas públicas. Mário Centeno, recém chegado às Finanças, preparava o Orçamento para 2016 quando travou o primeiro embate com Bruxelas. A Comissão Europeia queria cortes maiores do que os pretendidos pelo Governo, que admitiu logo em Janeiro que Portugal não sairia em 2015 dos procedimentos por défices excessivos por causa do Banif. Bruxelas ameaçou com sanções pelos incumprimentos orçamentais. A palavra sanções acompanhou o ano.
Traçava-se, por outro lado, o objectivo de défice para 2016: 2,8%. Mesmo revertendo decisões anteriores: regresso das 35 horas para a função pública; IVA na restauração de 13% a partir de 1 de Julho; reversão de parte da venda da TAP (nesse mês suspendeu as rotas para Bogotá, Panamá e Manaus) e das concessões de transportes; e o restabelecimento dos feriados retirados. Em Janeiro, os portugueses fizeram contas: quatro feriados e três pontes. O Governo estava a começar e havia muito para fazer, desde antecipar o crescimento do aeroporto de Lisboa – Montijo voltava a estar em cima da mesa – até à escolha de Helena Borges como mulher-forte do Fisco.
António Costa estava a começar e soube em Janeiro que Marcelo Rebelo de Sousa era o senhor que se iria seguir em Belém. O PS, que viu morrer o histórico Almeida Santos em plena campanha, não apoiou qualquer dos candidatos. Ficou com Marcelo que prometeu ser "politicamente imparcial" e promotor de "convergências políticas". Mas a geringonça já estava em funcionamento e já tinha merecido a confiança dos líderes inquiridos, em Janeiro, pelo Negócios. 70% havia dito que o Governo chegaria ao fim do ano. E assim foi.
A CAPA
25 de Janeiro
"Marcelo absoluto". Assim marcava o Negócios a vitória à primeira volta de Marcelo Rebelo de Sousa para a Presidência. Marcelo ganhou em todos os distritos, com a promessa de unir o país. Chegava o Presidente dos afectos numa altura em que o António Costa preparava o seu primeiro orçamento com a geringonça.