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Em Outubro o palco noticioso interno foi maioritariamente ocupado por Mário Centeno. O ministro das Finanças entregou o Orçamento (OE/2017) com a chancela da esquerda e o aval de Bruxelas, viu despontar uma polémica imprevista em torno da declaração de património e rendimentos de António Domingues, ouviu críticas de dentro e recebeu sinais de conforto de fora.
Com as contas públicas de 2016 a correr de feição, o Governo avançou com uma proposta de OE onde faz uma espécie de quadratura do círculo: baixa o défice, compromete-se com um dos maiores excedentes primários da zona euro e, ao mesmo tempo, continua a devolver rendimentos às famílias. Ou a uma parte delas. As pensões baixas e médias são aumentadas, a sobretaxa vai sendo gradualmente eliminada, o pagamento especial por conta das empresas baixa e os seus aumentos de capital são fiscalmente incentivados. Pagam a factura os "ricos", que suportam a sobretaxa de IRS por mais um ano, os ricos proprietários através do adicional ao IMI, e os consumidores através de pequenos impostos - dos refrigerantes ao tabaco passando pelos combustíveis - e de muitas taxas e taxinhas.
Com a esquerda que viabilizou o documento a dizer que este é um documento de direita, foi da direita que mais críticas se ouviram, nomeadamente à falta de transparência do documento - Mário Centeno não entregou alguns quadros e mapas e acabaria por ser obrigado a ter trabalho em dobro. Foi forçado, pelo próprio PS, a apresentá-los e voltou ao Parlamento para discuti-los, embora já com a oposição com a agulha mudada para outros cavalos de batalha - a CGD.
Marques Mendes, o bem informado comentador que alguns outros comentadores apontam como caixa de ressonância de Belém, levantou o véu sobre a dispensa de declaração de rendimentos e património a António Domingues, que as Finanças prontamente esclareceram não se ter tratado de "lapso" mas resultado de uma acção planeada. O ruído foi muito, as notícias caudalosas e o desfecho conhecido.
Durante Outubro, a Mário Centeno confortaram-no as palavras de Mário Draghi - "devemos reconhecer que foram conseguidos progressos notáveis em Portugal" -, a decisão da DBRS de manter o rating a Portugal, e a indicação por parte de Bruxelas de que não faria do Orçamento um braço-de-ferro. Apesar de o saldo estrutural não ser cumprido. Agastado com um ano de governação especialmente exigente, Mário Centeno acabaria o mês de Outubro a desejar que, em Dezembro, se consiga simplesmente celebrar o Natal. Será?
António Costa, que vinha passando entre os pingos da chuva, acabou por abrir a caixa de pandora da condição de recursos nas futuras pensões mínimas. Uma medida que agrada à direita mas parece repugnar ao PCP e ao BE.
Outubro foi também o mês em que a UGT voltou a mostrar a sua plasticidade, com Carlos Silva a admitir que o salário mínimo possa não chegar aos 557 euros em 2017, como querem os patrões. E em que Rui Rio, ainda negando, começou a posicionar-se para a liderança do PSD.
A Galp completou uma década de cotação bolsista e, feitas as contas, vale agora três vezes mais do que há dez anos, exibindo o quarto maior retorno entre o índice europeu do sector. E, para liderar o mercado de capitais, foi escolhida pela primeira vez uma mulher, por força da lei das quotas: Gabriela Figueiredo Dias.
Os chineses da China Minsheng estiveram em Portugal para sondar o Novo Banco e António Costa foi à China para aprofundar relações económicas. Com o aumento da intensidade do vaivém entre capitais, Portugal passará a ter voos directos para China a partir de meados de 2017.
Com as contas públicas de 2016 a correr de feição, o Governo avançou com uma proposta de OE onde faz uma espécie de quadratura do círculo: baixa o défice, compromete-se com um dos maiores excedentes primários da zona euro e, ao mesmo tempo, continua a devolver rendimentos às famílias. Ou a uma parte delas. As pensões baixas e médias são aumentadas, a sobretaxa vai sendo gradualmente eliminada, o pagamento especial por conta das empresas baixa e os seus aumentos de capital são fiscalmente incentivados. Pagam a factura os "ricos", que suportam a sobretaxa de IRS por mais um ano, os ricos proprietários através do adicional ao IMI, e os consumidores através de pequenos impostos - dos refrigerantes ao tabaco passando pelos combustíveis - e de muitas taxas e taxinhas.
Com a esquerda que viabilizou o documento a dizer que este é um documento de direita, foi da direita que mais críticas se ouviram, nomeadamente à falta de transparência do documento - Mário Centeno não entregou alguns quadros e mapas e acabaria por ser obrigado a ter trabalho em dobro. Foi forçado, pelo próprio PS, a apresentá-los e voltou ao Parlamento para discuti-los, embora já com a oposição com a agulha mudada para outros cavalos de batalha - a CGD.
Marques Mendes, o bem informado comentador que alguns outros comentadores apontam como caixa de ressonância de Belém, levantou o véu sobre a dispensa de declaração de rendimentos e património a António Domingues, que as Finanças prontamente esclareceram não se ter tratado de "lapso" mas resultado de uma acção planeada. O ruído foi muito, as notícias caudalosas e o desfecho conhecido.
Durante Outubro, a Mário Centeno confortaram-no as palavras de Mário Draghi - "devemos reconhecer que foram conseguidos progressos notáveis em Portugal" -, a decisão da DBRS de manter o rating a Portugal, e a indicação por parte de Bruxelas de que não faria do Orçamento um braço-de-ferro. Apesar de o saldo estrutural não ser cumprido. Agastado com um ano de governação especialmente exigente, Mário Centeno acabaria o mês de Outubro a desejar que, em Dezembro, se consiga simplesmente celebrar o Natal. Será?
António Costa, que vinha passando entre os pingos da chuva, acabou por abrir a caixa de pandora da condição de recursos nas futuras pensões mínimas. Uma medida que agrada à direita mas parece repugnar ao PCP e ao BE.
Outubro foi também o mês em que a UGT voltou a mostrar a sua plasticidade, com Carlos Silva a admitir que o salário mínimo possa não chegar aos 557 euros em 2017, como querem os patrões. E em que Rui Rio, ainda negando, começou a posicionar-se para a liderança do PSD.
A Galp completou uma década de cotação bolsista e, feitas as contas, vale agora três vezes mais do que há dez anos, exibindo o quarto maior retorno entre o índice europeu do sector. E, para liderar o mercado de capitais, foi escolhida pela primeira vez uma mulher, por força da lei das quotas: Gabriela Figueiredo Dias.
Os chineses da China Minsheng estiveram em Portugal para sondar o Novo Banco e António Costa foi à China para aprofundar relações económicas. Com o aumento da intensidade do vaivém entre capitais, Portugal passará a ter voos directos para China a partir de meados de 2017.
A capa
14 de Outubro
Com o orçamento entregue na sexta-feira, 14, no Parlamento, Mário Centeno reserva uma hora da manhã de sábado para uma entrevista ao Negócios sobre as grandes opções do documento. Visivelmente cansado, fala dos "preconceitos de toda a ordem" que o Governo enfrentou, também na frente europeia e lembra que Bruxelas não vota aqui.