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Câmara de Maia: "Vamos meter uma acção judicial contra a ANA"

“É tudo nosso.” O presidente da Câmara da Maia orgulha-se de não promover vendas de activos nem fazer concessões. Quer inaugurar a Cidade Desportiva e pôr a ANA em tribunal.

29 de Novembro de 2016 às 08:00
Paulo Duarte
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Quase a completar 27 anos de serviço na Câmara Municipal da Maia, Bragança Fernandes faz um balanço de três mandatos como presidente, ainda promete inaugurações até ao final do próximo ano e ameaça a gestora do aeroporto Francisco Sá Carneiro.

A cumprir o seu terceiro e último mandato como presidente da autarquia, qual é o projecto de que mais se orgulha de ter concretizado e qual foi a sua maior frustração?
O projecto que mais me orgulha foi o de ter reduzido a dívida municipal de 130 milhões de euros, em 2002, para uma "insignificância" de 30 milhões. A maior frustração foi a de o Governo [Sócrates] se ter portado mal com esta Câmara Municipal ao portajar todas as auto-estradas do concelho. Eu tenho cinco pórticos dentro da cidade. E isto motivou que alguns investidores saíssem daqui, que fechassem as portas.

Insurgiu-se, entretanto, junto deste Governo, contra a introdução de portagens no troço da A3 entre Águas Santas e a Maia e no troço entre Águas Santas e Ermesinde. Conseguiu o seu objectivo?
Não foram abolidas, mas pelo menos foram suspensas, não sei durante quanto tempo. Este ano, pelo menos, não vão ser reintroduzidas.

Mas o ano está a acabar...
É o que sei.

O que mais me orgulha foi ter reduzido a dívida de 130 milhões de euros, em 2002, para uma insignificância de 30 milhões. 
bragança fernandes, Presidente da câmara da maia
Falta menos de um ano para sair da presidência do município. Qual é o projecto que gostava ainda de inaugurar?
A Cidade Desportiva, com cerca de 10 hectares no centro da cidade. Trata-se da reabilitação do quarteirão onde se insere o Estádio Municipal, que tem a melhor pista de tartan e onde treinam árbitros, selecções e federações, pois temos três centros de alto rendimento. O investimento ronda os cinco milhões de euros. As obras já arrancaram e vai ficar tudo pronto até ao final do meu mandato, com a excepção do hotel (centro de estágios).

A gestão do hotel será concessionada a privados?
Não temos nada concessionado. Esta é a única Câmara do país que não tem nada concessionado. Eu não deixei vender nada. Diminuímos a dívida, mas é tudo nosso. Em princípio, a gestão do hotel será nossa. Porque eu não dou nada. Enquanto eu for presidente, tudo será propriedade da Câmara.

Em termos de atracção de investimentos empresariais para a Maia, o que é que tem em avaliação na autarquia?
Temos mais de 30 novos projectos empresariais em avaliação, num investimento da ordem dos 100 milhões de euros. Somos o primeiro exportador da Área Metropolitana do Porto, o quinto a nível nacional. As empresas querem vir para a Maia porque temos acessibilidades – 12 nós rodoviários, quatro auto-estradas, o metro...

O aeroporto...
O aeroporto é bom para a região, mas não é bom para a Maia. A ANA faz uma concorrência desleal connosco – constrói, aluga, mas não licencia. Tudo o que é da ANA, que agora é uma empresa privada, não passa pela Câmara. Não temos qualquer benefício por termos o aeroporto.

A Câmara da Maia quer ser compensada, como foi a do Porto, pelos terrenos usados na construção do aeroporto?
Estamos a fazer um levantamento dos terrenos em causa. Logo que os nossos serviços jurídicos dêem luz verde, irei meter, ainda no meu mandato, uma acção judicial contra a ANA por ocupação indevida de terrenos da autarquia. Valor da indemnização? Depende dos resultados do levantamento. Pode ser de um a 10 milhões de euros.

perfil

27 anos de Maia ao peito

Formou-se em Engenharia Civil no Reino Unido, onde trabalhou a partir de 1960 numa construtora de auto-estradas. E foi ainda ao serviço da mesma companhia que regressou a Portugal, em 1975. Chegou à política em 1989, como vereador da Câmara da Maia. Com o falecimento do então presidente da autarquia, Vieira de Carvalho, assume a liderança do município e ganha, com largas maiorias, as três eleições seguintes, pelo PSD. Bragança Fernandes tem 68 anos e três filhos. Preside ao PSD-Porto. Joga ténis e é membro do Conselho Superior do FC Porto. Maior sonho? "Não estar doente. Estar numa cama é algo que me aterroriza!"

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