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A cumprir o seu terceiro e último mandato como presidente da autarquia, qual é o projecto de que mais se orgulha de ter concretizado e qual foi a sua maior frustração?
O projecto que mais me orgulha foi o de ter reduzido a dívida municipal de 130 milhões de euros, em 2002, para uma "insignificância" de 30 milhões. A maior frustração foi a de o Governo [Sócrates] se ter portado mal com esta Câmara Municipal ao portajar todas as auto-estradas do concelho. Eu tenho cinco pórticos dentro da cidade. E isto motivou que alguns investidores saíssem daqui, que fechassem as portas.
Insurgiu-se, entretanto, junto deste Governo, contra a introdução de portagens no troço da A3 entre Águas Santas e a Maia e no troço entre Águas Santas e Ermesinde. Conseguiu o seu objectivo?
Não foram abolidas, mas pelo menos foram suspensas, não sei durante quanto tempo. Este ano, pelo menos, não vão ser reintroduzidas.
Mas o ano está a acabar...
É o que sei.
bragança fernandes, Presidente da câmara da maia
A Cidade Desportiva, com cerca de 10 hectares no centro da cidade. Trata-se da reabilitação do quarteirão onde se insere o Estádio Municipal, que tem a melhor pista de tartan e onde treinam árbitros, selecções e federações, pois temos três centros de alto rendimento. O investimento ronda os cinco milhões de euros. As obras já arrancaram e vai ficar tudo pronto até ao final do meu mandato, com a excepção do hotel (centro de estágios).
A gestão do hotel será concessionada a privados?
Não temos nada concessionado. Esta é a única Câmara do país que não tem nada concessionado. Eu não deixei vender nada. Diminuímos a dívida, mas é tudo nosso. Em princípio, a gestão do hotel será nossa. Porque eu não dou nada. Enquanto eu for presidente, tudo será propriedade da Câmara.
Em termos de atracção de investimentos empresariais para a Maia, o que é que tem em avaliação na autarquia?
Temos mais de 30 novos projectos empresariais em avaliação, num investimento da ordem dos 100 milhões de euros. Somos o primeiro exportador da Área Metropolitana do Porto, o quinto a nível nacional. As empresas querem vir para a Maia porque temos acessibilidades – 12 nós rodoviários, quatro auto-estradas, o metro...
O aeroporto...
O aeroporto é bom para a região, mas não é bom para a Maia. A ANA faz uma concorrência desleal connosco – constrói, aluga, mas não licencia. Tudo o que é da ANA, que agora é uma empresa privada, não passa pela Câmara. Não temos qualquer benefício por termos o aeroporto.
A Câmara da Maia quer ser compensada, como foi a do Porto, pelos terrenos usados na construção do aeroporto?
Estamos a fazer um levantamento dos terrenos em causa. Logo que os nossos serviços jurídicos dêem luz verde, irei meter, ainda no meu mandato, uma acção judicial contra a ANA por ocupação indevida de terrenos da autarquia. Valor da indemnização? Depende dos resultados do levantamento. Pode ser de um a 10 milhões de euros.
27 anos de Maia ao peito
Formou-se em Engenharia Civil no Reino Unido, onde trabalhou a partir de 1960 numa construtora de auto-estradas. E foi ainda ao serviço da mesma companhia que regressou a Portugal, em 1975. Chegou à política em 1989, como vereador da Câmara da Maia. Com o falecimento do então presidente da autarquia, Vieira de Carvalho, assume a liderança do município e ganha, com largas maiorias, as três eleições seguintes, pelo PSD. Bragança Fernandes tem 68 anos e três filhos. Preside ao PSD-Porto. Joga ténis e é membro do Conselho Superior do FC Porto. Maior sonho? "Não estar doente. Estar numa cama é algo que me aterroriza!"