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Lankhorst Euronete: Amarrados ao negócio

A Lankhorst Euronete exporta cordas, cabos e redes de pesca para todos os mercados. Já é líder mundial nos cabos de amarração "offshore" para plataformas petrolíferas.

27 de Junho de 2019 às 15:00
Paulo Duarte
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Amarelo e azul. Cores que lembram o mar e o sol. As cordas, os cabos e as redes produzidos na fábrica da Lankhorst Euronete na Maia remetem para a origem marítima do grupo que nasceu da fusão da portuguesa Euronete com a holandesa Lankhorst.

São rolos e mais rolos de cordas, cabos sintéticos, fibras sintéticas e redes de pesca que povoam os cerca de 35 mil metros quadrados da unidade instalada na localidade de Nogueira. Assemelham-se a carrinhos de linhas gigantes, com várias toneladas de peso - as bobinas dos cabos de amarração "offshore", que ligam o fundo do mar às plataformas petrolíferas, podem chegar às 200 toneladas - e grossuras de vários centímetros de diâmetro. "Desde 2007, altura em que entrámos no negócio 'offshore', produzimos mais de 900 quilómetros de cabos de amarração", revela José Luís Gramaxo, presidente da Lankhorst Euronete e responsável pela área de sintéticos da WireCo, grupo ao qual pertence atualmente. A empresa diz ser líder mundial nos cabos "offshore", tendo desenvolvido soluções para se tornarem mais leves, com menos diâmetro, logo mais fáceis de instalar.

Acredito que produzir com inovação cria-nos maior retorno financeiro.

Investimos entre 2 e 4 milhões de euros por ano em melhorias nas nossas unidades em Portugal. 
José Luís Gramaxo
Presidente da Lankhorst Euronete

Este responsável é filho do falecido fundador da Euronete, José Luís Retumba Gramaxo, conhecido como o Capitão, por ter sido capitão de navios durante anos. A génese da empresa remonta a 1964, data em que foi fundada, pelo Capitão Gramaxo, a Cerfil, em Matosinhos, para a produção de cordas e fios. Quatro anos mais tarde, no mesmo local onde está agora instalada a unidade da Maia, nasceu a Euronete, com o objetivo de produzir cordas marítimas e redes para a pesca. Em 1998 a família decidiu unir-se à holandesa Lankhorst que também fabricava cordas e redes, numa fusão que criou um grupo com presença mundial. Foi fazendo algumas aquisições pelo caminho, como foi o caso da Quintas e Quintas Offshore, em 2007, que deu origem à área de negócio dos cabos de amarração para plataformas petrolíferas. Mais recentemente, em 2012, os acionistas não resistiram à proposta de compra da multinacional WireCo, um dos líderes mundiais na produção de cordas, fios e cabos de aço.

Investimento de 6,5 milhões em Viana do Castelo

Englobada no gigante mundial, a Lankhorst Euronete continuou num ritmo de crescimento considerável. Além da unidade industrial na Maia, tem ainda mais quatro, situadas em Viana do Castelo, em Murça, em Paredes e em Boticas, tendo faturado 85 milhões de euros em 2017. Apesar de ter comprado a fábrica do grupo Quintas e Quintas, na Póvoa de Varzim, acabou por encerrar a unidade e investir 6,5 milhões de euros numa nova em Viana do Castelo, inaugurada em 2013. É ali que são produzidos agora os cabos de amarração "offshore", uma unidade de negócio que já representa cerca de 10% da sua atividade. "Neste mercado trabalhamos com as maiores companhias do mundo. A fábrica de Viana do Castelo exporta quase toda a produção para o Golfo do México, para companhias na área petrolífera como a Chevron, a BP, a Shell e a Exxon Mobil", explica o responsável.
Na indústria são usadas matérias primas como o poliéster e o polietileno de alta densidade, que através de processos de extrusão dão origem a cabos de amarração, corda entrançada, cabos marítimos e redes.
Na indústria são usadas matérias primas como o poliéster e o polietileno de alta densidade, que através de processos de extrusão dão origem a cabos de amarração, corda entrançada, cabos marítimos e redes. Paulo Duarte
A Lankhorst Euronete produz ainda cabos de amarração para a área marítima, seja para navios, porta-contentores ou navios tanque, e na área das pescas é líder europeu na venda de redes, com 30% da produção europeia. No seu portefólio de produtos podemos ainda encontrar fibras e fitas para aplicações industriais. "Temos aqui várias marcas, como a Pure e a Elite, esta última de fios utilizados em estufas, para a cultura do tomate e do pepino. Com a fita Pure, leve e de grande resistência, fazemos tecidos que são usados, por exemplo, em malas de viagem mais leves, e para fins militares, na proteção anti-balística, porque absorve bem o impacto", explica José Luís Gramaxo.

Com filiais na Austrália, na China, na Holanda, na Dinamarca e no Reino Unido, as exportações do grupo rondaram os 80 milhões de euros em 2017, sendo os seus principais mercados os Estados Unidos, a Europa e a América do Sul.


85,3
Faturação
O volume de negócios da companhia rondou os 85 milhões de euros, em 2017.

80,3
Exportações
A empresa vendeu para fora mais de 80 milhões de euros.

880
Colaboradores
São cerca de 880 os funcionários da companhia em Portugal.

25
Investimento
O grupo WireCo tem um plano anual de 25 milhões de euros para novos projetos.


"Para aumentar as exportações queremos apostar cada vez mais na inovação e assim aumentar a quota de mercado. Não acreditamos muito na produção massiva de produtos mas sim na produção que crie valor acrescentado, pois esse dá-nos mais retorno financeiro", afirma o presidente do grupo industrial.


Perguntas a José Luís Gramaxo
Presidente da Lankhorst Euronete

Inovação absorve 1 milhão de euros anualmente

Desenvolver novos produtos de valor acrescentado é o papel da equipa de inovação da empresa, que ascende a 12 pessoas. O investimento anual em investigação é de 1 milhão de euros com o objetivo de lançar produtos novos todos os anos. O plano anual de investimentos da multinacional WireCo é de 25 milhões e se houver projetos válidos investirá mais no país.

Qual foi o vosso volume de negócios de 2018?
A atividade cresceu face ao ano anterior mas como o grupo acabou de fechar as contas e ainda não estão publicadas, por agora não posso avançar esses valores. Mas sim, estamos a crescer o nosso negócio a um ritmo considerável.

Qual das áreas de negócio está a crescer mais?
O negócio tradicional é a pesca e a parte de cabos marítimos, e representa ainda o grosso da nossa atividade. Esta é uma área com crescimentos muito consistentes. A atividade de cabos "offshore" tem altos e baixos e depende muito dos projetos que estamos envolvidos em águas profundas. Este mercado representa já 10% da nossa faturação.

Lançamos produtos novos todos os anos para criar diferenciação.  José LUÍS GRAMAXO
Presidente da Lankhorst Euronete

Esta é uma atividade onde se aposta muito em inovação?
Temos na Maia uma equipa grande em investigação e desenvolvimento, pois só assim conseguimos ter valor acrescentado nos nossos produtos. Temos uma equipa de 11 ou 12 jovens com talento, e lançamos produtos novos todos os anos, com o objetivo de criar uma diferenciação no mercado. A concorrência é grande, sobretudo vinda de países como a Índia e a China, onde os produtos são, de facto, mais baratos mas apresentam uma qualidade inferior. É por apostarmos na qualidade e na diferenciação que ainda conseguimos produzir em Portugal toda esta gama de produtos.

Qual é o vosso investimento anual em inovação?
Investimos cerca de um milhão de euros anualmente em inovação. O foco é criar diferenciação dos nossos produtos, que nos permita criar valor acrescentado e continuar assim a investir no desenvolvimento da nossa empresa.

Que investimentos têm previstos para o futuro em Portugal?
Investimos anualmente entre 2 e 4 milhões de euros em melhorias produtivas nas nossas cinco unidades industriais em Portugal. O grupo WireCo tem um plano de investimento anual na ordem dos 25 milhões de euros para projetos válidos. E se tivermos alguma proposta que faça sentido no plano de negócios, o grupo apostará em Portugal. 
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