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WEG: Motores elétricos com inovação nacional

A multinacional WEG tem duas fábricas em Portugal que produzem motores elétricos para o mundo inteiro, com especial incidência nas indústrias potencialmente perigosas.

27 de Junho de 2019 às 15:30
Paulo Duarte
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Muitos dos motores elétricos usados em grandes indústrias mundiais, como a petroquímica e a papeleira, são produzidos em Portugal, nas fábricas da multinacional WEG na Maia e Santo Tirso. Falamos de clientes como a Petrogal e a Repsol, que, sendo indústrias que trabalham com áreas potencialmente perigosas, necessitam de motores chamados de antideflagrantes, precisamente a especialidade produzida no norte do país. Estes são peças fundamentais para garantir toda a segurança em caso de incêndio, permitindo conter a sua propagação às restantes áreas das unidades industriais.

Em Portugal, a WEG tem também motores instalados na maior máquina de papel no mundo, do grupo Navigator, a funcionar em Setúbal. "Esta máquina de papel tem mais de 600 motores da WEG nas suas instalações, diz João Cardante, diretor de vendas internacionais da WEGeuro, a filial portuguesa.
A equipa desenvolveu uma inovação destinada aos laboratórios de ensaio. Conseguiu uma recuperação de 85% da energia necessária para fazer os ensaios dos motores fazendo com que esta energia volte a circular na rede, reduzindo o consumo.
A equipa desenvolveu uma inovação destinada aos laboratórios de ensaio. Conseguiu uma recuperação de 85% da energia necessária para fazer os ensaios dos motores fazendo com que esta energia volte a circular na rede, reduzindo o consumo. Paulo Duarte
A multinacional, que nasceu em Jaraguá do Sul, Brasil, em 1961, pela mão de três fundadores - Werner, Eggon e Geraldo - cresceu rapidamente em poucos anos e hoje fatura globalmente 2,8 mil milhões de euros. Com filiais em 29 países e fábricas em 12, é muito verticalizada e produz praticamente tudo o que necessita, até as tintas e vernizes que usa nos seus motores. A compra da Efacec Universal Motors, na Maia, em 2002, foi uma porta de entrada para o mercado europeu, onde ainda não tinha unidades produtivas. Esta foi, portanto, a primeira fábrica do grupo fora do continente americano. A escolha do mercado nacional foi óbvia: o grupo queria ter motores antideflagrantes de média e alta tensão no seu portefólio e a fábrica na Maia tinha "know how" e clientes. Detém hoje duas unidades em território nacional, que produzem anualmente cerca de 10 mil motores, canalizados para vários países. A WEGeuro atingiu um volume de negócios superior a 50 milhões de euros em 2017, e deste valor, cerca de 43 milhões de euros foram de exportações.

A fábrica da Maia produz os motores de média e alta tensão, máquinas maiores e mais costumizadas, que podem atingir até 26 toneladas de peso. Atualmente está a ser reestruturada, porque a produção dos motores de baixa tensão - até quatro toneladas - passou para a unidade nova, em Santo Tirso.

Investimento de 15 milhões

Quem entra nesta moderna e organizada fábrica, inaugurada há ano e meio, e que resultou de um investimento de 15 milhões de euros, pode encontrar um encadeamento quase poético da construção de um motor. As cores são apelativas em todas as áreas da fábrica, desde os cabos usados, aos materiais resinados, usados na impregnação e que parecem bordados e cristalizados em açúcar. Já na zona de embalamento encontramos novamente uma paleta de cores que vai do azul WEG, a cor tradicional da marca, aos roxos, rosas ou verdes, pintados a gosto do cliente. Às duas fábricas chegam do Brasil cerca de 500 contentores carregados com matérias primas utilizadas no processo, como as carcaças dos motores em ferro fundido. Esta indústria consumiu em 2018 cerca de 800 toneladas de aço, 525 toneladas de cobre e 22 mil rolamentos. "O armazém de Santo Tirso dispõe de 1,8 milhões de peças, destinadas ao fabrico e à revenda", afirma João Cardante. Este investimento é realçado como importante, não só para o aumento da capacidade, mas também para reduzir os prazos de entrega em 25%. "Conseguir entregar motores em três ou quatro semanas é o nosso foco. É preciso esclarecer que são motores à medida do cliente, e não em série", refere Rui Moura Guedes, diretor de qualidade e de sistemas de informação.



50,3
Faturação
O volume de negócios da WEG em Portugal atingiu os 50,3 milhões de euros.

42,4
Exportações
A empresa vendeu para fora, em 2017, cerca de 42,4 milhões de euros.

650
Colaboradores
A WEG emprega nas unidades de Portugal mais de 650 funcionários.


Sendo este equipamentos responsáveis por cerca de 40% do consumo de energia elétrica na indústria, facilmente se compreende porque a WEG aposta tanto em inovação. Apesar de já apresentar produtos de alto rendimento, certificados, o grupo investe globalmente 3% do seu volume de negócios na procura de maior eficiência. A filial portuguesa tem uma equipa de cinco pessoas dedicada a esta atividade, e o resultado desta inovação é partilhado por todo o grupo. A unidade nacional é, aliás, um centro de competências para este tipo de motores. "Fomos a primeira fábrica a lançar o motor antideflagrante mais eficiente do mundo, acima das exigências da legislação. Isto mostra a importância da nossa equipa de investigação", diz João Cardante.


Perguntas a João Cardante
Diretor de vendas internacionais

Santo Tirso é a maior fábrica do grupo na Europa

Com um investimento de 15 milhões de euros, a moderna fábrica de Santo Tirso dá cartas na produção de motores elétricos de baixa tensão no mercado europeu.

Quais foram os vossos resultados de 2018?
Com mais de 31 mil colaboradores, o grupo WEG atingiu uma faturação líquida de 2,8 mil milhões de euros em 2018, com uma produção de mais de 16 milhões de motores. Atualmente somos reconhecidos como um dos três maiores fabricantes de motores elétricos do mundo e temos uma produção de 70 mil motores por dia globalmente.

Qual tem sido o crescimento do vosso negócio nos últimos anos?
Em Portugal os negócios mais representativos são os motores elétricos, "drives & controls", quadros elétricos, serviços de manutenção e reparação de máquinas elétricas e soluções e serviços de automação. Nos últimos anos as nossas exportações têm crescido através da ampliação das linhas de produto, redução dos prazos de entrega e aumento da participação de mercado. Os projetos de expansão continuam com boas perspetivas, principalmente em indústrias ligadas ao petróleo e gás, papel e celulose, infraestruturas e mineração.

Vamos continuar a trabalhar para melhorar as nossas valências. João cardante
Director de vendas internacionais

Quais os vossos principais mercados?
Mais de 95% daquilo que produzimos em Portugal é exportado para 50 países nos cinco continentes. Os nossos principais mercados são os europeus, com destaque para a Alemanha, Espanha, Benelux e Escandinávia. Temos tido um grande crescimento nestes mercados, mas também na América do Norte, África e Ásia. Relevante é ainda o crescimento da aplicação de motores elétricos em projetos de infraestruturas para ventilação e extração de fumos, onde estamos nos maiores projetos à escala mundial.

Quais os investimentos previstos para Portugal nos próximos dois ou três anos?
Recentemente expandimos as nossas atividades em Portugal, com a construção de uma nova fábrica em Santo Tirso, que é a maior do grupo na Europa. Nos próximos anos vamos continuar a investir na capacidade de melhorar as nossas valências: integração vertical, agilidade e flexibilidade na customização. Acreditamos que é possível fazer melhor, por isso estamos a trabalhar para nos tornarmos em duas fábricas digitais modelo com produção de classe-mundial através do programa WEG Manufacturing System. Vamos continuar a direcionar os nossos recursos para a melhoria contínua para alcançar os objetivos deste programa.
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