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Lagarde diz que cortar ou não juros em setembro "está em aberto" e "dependente de dados"
A presidente do BCE sublinhou, quando questionada sobre o que acontecerá na reunião agendada para daqui a cerca de dois meses, que "a questão do que faremos em setembro está em aberto e depende dos dados" que forem sendo recebidos. Lagarde admite mesmo a possibilidade de a instituição adotar uma "política mais restritiva" se errar no combate contra a inflação.
Lagarde falava após a reunião do Conselho do BCE, que decidiu manter as taxas de juro inalteradas. "A decisão que tomámos foi unânime", começou por salientar a líder do BCE, que voltou a reiterar que tudo dependerá "dos dados que forem sendo recebidos reunião a reunião", pelo que "não está determinado um caminho para as taxas de juro".
A líder do BCE reiterou assim a ideia que está presente no comunicado referente à reunião desta quinta-feira, onde se pode ler que o Conselho do BCE "continuará a seguir uma abordagem dependente dos dados, e reunião a reunião, na definição do nível e da duração adequados da restritividade".
Lagarde recordou ainda o "o que tinha dito em Sintra", durante o Fórum BCE, e afirmou que esta "dependência dos dados" não significa "dependência da direção dos dados", apelando assim a uma interpretação sistemática de todos os números que forem sendo recebidos.
Entre estes dados está a inflação salarial, face a qual algumas estimativas indicam que poderá descer no próximo ano e em 2026. E se os salários subirem mais do que o previsto, afetando a inflação? A presidente do BCE colocou esta hipótese- ainda que até agora nada aponte nesse sentido - mas logo a seguir desdramatizou uma potencial situação deste género, explicando que se "estivermos errados", "seremos restritivos" na política monetário, podendo mesmo ser "mais restritivos se isso for necessário para conduzir a inflação para a nossa meta" dos 2%.
"Vamos continuar a ser restritivos [em termos de política monetária] o necessário para atingir os 2%", referiu Lagarde, sublinhando que a inflação, que em junho se cifrou em 2,5%, ainda não está na meta do BCE. Assim, é preciso olhar para "para todas a componentes de dados, medidas e indicadores nas próximas semanas e meses, será um processo", acrescentou.
Por outro lado, a presidente da autoridade monetária sublinhou que estas palavras não são uma sugestão de que o ciclo de cortes "vai parar em setembro e de que não vamos continuar a olhar para a frente". No fundo, o que estas palavras de Lagarde querem dizer é que o banco central "vai continuar a receber muita informação até setembro", esclareceu.
Atualmente, os preços dos "swaps" incorporam probabilidades de mais de 70% de cortes de juros na Zona Euro em setembro e dezembro de quase 30% em outubro. Na reunião desta quinta-feira nada mudou, pelos que a taxa de depósitos mantém-se assim em 3,75%, a aplicável às operações principais de refinanciamento permanece em 4,25% e a de cedência de liquidez em 4,5%.