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S&P corta rating do Brasil para segundo nível de lixo

A agência de notação financeira baixou em um nível a classificação da dívida soberana de longo prazo do Brasil, de BB+ para BB. A justificar estão os "desafios políticos e orçamentais". Já a Moody's reviu em baixa as previsões de crescimento da economia brasileira.

Bloomberg
17 de Fevereiro de 2016 às 22:09
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A Standard & Poor’s colocou o rating soberano brasileiro no segundo nível da categoria especulativa, o chamado "lixo". Este novo nível, BB, deixa o Brasil no mesmo patamar que a Bolívia, Paraguai e Guatemala, sublinha a Bloomberg.

 

Além disso, a perspectiva atribuída pela S&P é "negativa", o que significa que poderá vir a cortar novamente a notação soberana do Brasil.

 

"Os desafios políticos e económicos com que o Brasil se confronta continuam a ser enormes", referiu a agência num relatório divulgado esta quarta-feira, 17 de Fevereiro.

A S&P diz estimar, neste momento, que o processo de ajustamento do Brasil seja mais prolongado do que pensava, "com uma correcção mais lenta na política orçamental e com mais um ano de forte contracção económica".


Recorde-se que o Brasil entrou em território de "lixo" (saindo assim da categoria de investimento de qualidade) no passado mês de Setembro, pela mão da Standard & Poor’s. Três meses depois, já em Dezembro, foi a vez de a Fitch tomar a mesma decisão, com "outlook negativo".

 

Ainda em Dezembro, a Moody’s, por seu lado, colocou a dívida soberana do Brasil em Baa3 – que é o último nível de boa qualidade creditícia, antes de entrar na categoria especulativa. No entanto, ficou "sob revisão" com implicações negativas, o que deixou no ar a possibilidade de um corte que, a acontecer, a colocará no "lixo".

Moody's prevê agravamento da recessão

Num relatório sobre a economia global divulgado esta quinta-feira, a Moody's reviu em baixa a previsão de crescimento do produto interno bruto brasileiro, antecipando agora uma recessão de 3% em 2016.

"Revimos ainda mais a previsão sobre as economias do Brasil, Rússia, Arábia Saudita e África do Sul", lê-se na análise sobre as Perspetivas Macroeconómicas Globais, que refere que "uma queda adicional nos preços do petróleo, as preocupações sobre o abrandamento da China e a potencial fraqueza adicional na moeda acompanharam um aumento na aversão ao risco e o aperto no ambiente dos mercados financeiros".

Sobre o Brasil, a Moody's diz que "os ganhos de competitividade nos preços e a consequente robustez das exportações não vão influenciar a economia nacional enquanto a confiança dos empresários permanecer em níveis historicamente baixos".

O Brasil, a braços com uma recessão iniciada no ano passado e que poderá prolongar-se para lá de 2016, enfrenta uma deterioração das condições económicas, com aumento da inflação e do desemprego e com quebra da generalidade dos indicadores económicos, a que se junta uma incerteza política que tem adiado as reformas estruturais que os analistas consideram ser essenciais para reanimar a economia.

A desvalorização do real na ordem dos 26% no ano passado "não é suficiente para garantir o interesse dos investidores", considera a Moody's, lembrando a descida do investimento e do emprego, e salientando ainda que "a confiança dos investidores caiu para níveis históricos e o apetite dos investidores está em baixo, como fica comprovado pela descida dos indicadores da bolsa".

 

Para recuperar o interesse dos investidores, a Moody's espera que as investigações à Petrobras, em conjunto com uma moeda competitiva e uma descida do preço dos activos, "atraiam novamente o investimento e permitam à economia recomeçar lentamente a crescer", mas ainda assim "em valores abaixo de 2% ano nos próximos cinco anos".

 

A nível mundial, a Moody's antevê que o crescimento médio das vinte economias mais industrializadas (G20) fique nos 2,6% este ano, à semelhança do que aconteceu no ano passado, e que suba apenas para 2,9% em 2017, mantendo assim as previsões do último relatório.


(Notícia actualizada a 18 de Fevereiro às 10:29 com as previsões da Moody's)

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