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Portugal paga juros mais baixos na emissão para reembolsar o FMI

O IGCP encaixou 1.250 milhões de euros com a emissão de obrigações com maturidade a 5 e 10 anos. O dinheiro servirá para efectuar mais um reembolso ao FMI, cuja aprovação ainda está pendente junto dos credores europeus.

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Os custos de financiamento de Portugal desceram ligeiramente na emissão de obrigações do Tesouro com maturidade a 10 anos e subiram nas obrigações a 5 anos, de acordo com os resultados do duplo leilão realizado esta manhã pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP). 

Nos títulos com maturidade em 17 de Outubro de 2028 (10 anos), foram emitidos 752 milhões de euros e a "yield" ficou em 1,908%. Uma taxa que compara com os 1,939% suportados na emissão comparável realizada o mês passado e que representava o nível mais elevado desde Fevereiro (quando ficou acima dos 2%). A taxa acabou por ficar vários pontos base abaixo da "yield" que se verifica no mercado secundário, em redor de 1,95%.

 

A 12 de Setembro, o organismo liderado por Cristina Casalinho (na foto) colocou 672 milhões de euros com uma "yield" de 1,854% (quarta taxa mais baixa de sempre). Em Julho tinha emitido títulos desta linha com uma taxa de juro de 1,727%, que era a segunda mais baixa de sempre na emissão de títulos a 10 anos. O mínimo histórico foi fixado em Maio, quando o IGCP suportou um juro de 1,67% para emitir 483 milhões de euros em obrigações do Tesouro a 10 anos.

O facto de o custo de financiamento ter descido no leilão realizado esta manhã mostra que, para já, o contágio da crise orçamental em Itália está a ser diminuto. Ainda assim a procura desceu de forma sustancial, já que ficou em 1,91 vezes a oferta. Na emissão de Outubro tinha superado em 2,78 vezes.


Juros sobem na emissão a 5 anos

O leilão realizado esta manhã foi duplo, pois também foram colocados 498 milhões de euros em títulos a 5 anos (maturidade em 25 de Outubro de 2023).

 

A taxa ficou em 0,702%, o que compara com o juro de 0,647% suportado na última emissão comparável, realizada a 12 de Setembro. De acordo com a Bloomberg, a taxa suportada nesta emissão de obrigações a 5 anos é a mais baixa desde 13 de Junho, quando o IGCP colocou 412 milhões de euros.

Nesta linha, a procura superou a oferta em 2,33 vezes, o que compara com o ráciomais favorável de 3,76 na emissão de Setembro.

"Emitimos em linha com o mercado e de acordo com as nossas expectativas que eram de uma taxa inferior a 0,8% na dívida a 5 anos e abaixo dos 2% na dívida a 10 anos", refere Filipe Silva, da Carregosa, salientando que "o prémio de risco da dívida portuguesa não está a subir, apesar da situação italiana" e "a procura foi muito boa".

 

Encaixe para reembolsar o FMI em 2 mil milhões

 

Esta foi a primeira emissão de dívida de longo prazo desde que a agência Moody’s elevou o "rating" de Portugal, que assim deixou de ter uma classificação de "lixo" entre as três maiores agências de notação financeira.  

 

Como explicou o IGCP na semana passada, o encaixe desta operação de financiamento servirá para "pagar antecipadamente parte do empréstimo do FMI". De acordo com o Conselho das Finanças Públicas, o reembolso será de dois mil milhões de euros: haverá "um pagamento antecipado de dois mil milhões de euros a realizar até ao final do ano corrente", lia-se na análise ao OE 2019 divulgada ontem. 

Contudo, antes de se concretizar, o processo tem ainda de passar pelas instituições. O Negócios sabe que o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) já recebeu o pedido das autoridades portuguesas, mas o processo ainda não chegou ao fim. Ou seja, Portugal ainda não tem o 'sim' dos credores europeus para poder fazer um reembolso antecipado ao FMI sem pagar também os empréstimos do MEE (ESFM/EFSF).

Questionado pelo Negócios, o Ministério das Finanças diz apenas que "o Governo está a prosseguir o trabalho com os parceiros europeus para concluir o processo de autorização de amortização do montante em dívida ao FMI". Para já, o Fundo ainda não foi contactado.

Um porta-voz da entidade liderada por Christine Lagarde refere que "o FMI sabe que a intenção geral das autoridades portuguesas é fazer mais pagamentos antecipados". Contudo, para já, o Fundo diz não ter sido "informação dos detalhes de uma operação" que possa ocorrer em breve. 

 

Portugal arrancou os reembolsos antecipados ao FMI em 2015, sendo que desde então, de acordo com as contas do IGCP, obteve uma poupança acumulada de juros de 1,1 mil milhões de euros.

Nesta altura mais de 80% do empréstimo ao FMI já foi liquidado, faltando reembolsar 4,6 mil milhões de euros. Na operação mais recente, que terminou em Janeiro deste ano e dizia respeito à tranche mais cara, Portugal amortizou 8,5 mil milhões de euros.

(notícia actualizada às 10:59 com mais informação)

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