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Governo prevê pagar mais 200 milhões em juros no próximo ano
O Executivo justifica o agravamento destes custos com a expectativa de subida das taxas de juro a nível internacional, impulsionada pela retirada de estímulos do BCE.
O governo prevê que os custos a suportar com os juros aumentem em 200 milhões de euros no próximo ano, fruto da subida das taxas de juro a nível internacional, num ano marcado pela retirada dos estímulos monetários do BCE.
A despesa com juros deverá atingir os 7.406 milhões de euros em 2019, acima dos 7.205 milhões pagos este ano, adianta a proposta para o Orçamento do Estado para o próximo ano. De acordo com estes valores, a factura com os juros deverá, assim, registar um agravamento de 200 milhões de euros, justificado pelo Executivo com factores "exógenos" que não dependem do governo.
"No contexto de factores exógenos não influenciáveis pela acção do Governo, destaca-se como eventual risco o possível aumento, superior ao esperado, das taxas de juro de curto prazo, na sequência, nomeadamente, da retirada dos estímulos do BCE, traduzindo-se num risco negativo na evolução da despesa com juros da dívida pública", explica o Executivo liderado por António Costa.
Os juros da República registaram desde Setembro do ano passado uma trajectória de queda, sustentados pela acção de "rating" das principais agências de notação financeira, que têm vindo a melhorar a sua avaliação para a dívida portuguesa. Ainda assim, a instabilidade italiana tem-se reflectido num agravamento das taxas nos últimos meses, com a "yield" a dez anos a negociar nos 2%.
Com o Banco Central Europeu (BCE) a preparar o fim dos estímulos, o governo espera que as acções positivas por parte das agências de "rating" – a Moody’s voltou a avaliar Portugal com um nível de investimento na última sexta-feira – compensem o efeito de subida dos juros.
"A melhoria na situação de tesouraria do Estado e a recente subida do ratingda República por parte da Moody’s(em 12 de Outubro) são factores que deverão contribuir para uma trajectória favorável da dívida pública e consequentes poupanças futuras de juros. No passado recente, a evolução da despesa com juros revelou-se melhor do que o esperado e constituiu um forte contributo para a melhoria do saldo orçamental", refere o documento.