Notícia
IGCP emite dívida com taxas mais baixas desde Abril mas encaixa menos que o previsto
Os investidores continuam a aceitar pagar para emprestar dinheiro a Portugal no curto prazo. O IGCP optou por não colocar o montante indicativo, ficando 250 milhões abaixo no limite mínimo do intervalo, apesar dos juros até terem descido e a procura aumentado.
A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) realizou esta manhã dois leilões das linhas de bilhetes do Tesouro (BT) com maturidade entre cerca de seis meses e um ano, tendo conseguido um encaixe de mil milhões de euros, abaixo do montante indicativo, que se situava entre 1.250 e 1.500 milhões de euros.
Nos títulos com maturidade em 22 de Novembro de 2019 (12 meses), a taxa ficou em -0,327%, o que se situa abaixo do juro da última emissão comparável. No leilão realizado em Outubro, a colocação de dívida com vencimento em Setembro de 2019 (11 meses) foi efectuada com uma taxa implícita média de -0,260%. Em Setembro a taxa na emissão a 12 meses tinha ficado em -0,27%, sendo que a taxa suportada no leilão de hoje é a mais baixa desde Abril.
Nos Bilhetes do Tesouro com maturidade a 17 de Maio de 2019 (seis meses), a taxa ficou em -0,369%, abaixo da taxa da emissão comparável de Setembro (-0,317%). O juro foi o mais baixo desde a emissão realizada em Março deste ano (-0,424%).
Apesar das taxas a que Portugal se financia continuarem negativas, os juros tinham vindo a subir ligeiramente nos últimos leilões, em linha com o comportamento dos títulos de dívida soberana de Portugal no mercado secundário. Todos os títulos de Portugal com maturidade abaixo de três anos negoceiam com taxas negativas.
Procura sobe mas IGCP não coloca montante indicativo
Apesar da procura até ter aumentado e as taxas diminuído, o IGCP optou por não colocar o montante indicativo. Uma opção pouco frequente por parte do instituto liderado por Cristina Casalinho, mas que não terá ficado a dever-se à falta de interesse por parte dos investidores.
Nos Bilhetes do Tesouro com prazo de seis meses a procura atingiu 2,63 vezes a oferta, o que representa o rácio mais elevado desde Março deste ano. Nos títulos com prazo de um ano a procura superou a oferta em 2,64 vezes, o que representa o rácio mais elevado deste ano nas emissões com esta maturidade.
"Curiosamente, o Tesouro não recolheu o montante pretendido, que se situava entre os 1250 e os 1500 milhões de euros, tendo-se ficado pelos mil milhões", refere Filipe Silva, director da Gestão de Activos do Banco Carregosa, concluindo que "talvez o IGCP não tenha necessidade de ter colocado os montantes estimados".
Na semana passada, o IGCP encaixou 1.250 milhões de euros com a emissão de obrigações com maturidade a 5 e 10 anos, tendo conseguido juros mais baixos nos títulos de prazo mais longo. O facto de o custo de financiamento ter descido neste leilão mostra que, para já, o contágio da crise orçamental em Itália está a ser diminuto. Ainda assim a procura desceu de forma substancial, já que ficou em 1,91 vezes a oferta. Na emissão de Outubro tinha superado em 2,78 vezes.