Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Empresas europeias já recompraram 57 mil milhões de euros de dívida este ano

A estratégia passa por aproveitar o menor valor das obrigações para reduzir o endividamento a preços competitivos e para dar um sinal de força aos mercados.

Bloomberg
Negócios 02 de Março de 2016 às 12:26
  • ...

A aversão ao risco nos mercados globais gerou uma maior desconfiança sobre a qualidade de crédito de muitas entidades europeias. Essa maior percepção de risco penalizou as obrigações, que desvalorizaram, mas houve emitentes como o Deutsche Bank, o BCP e a Anglo American que aproveitaram essas condições de mercado para reduzir o seu nível de endividamento a preços competitivos.

Segundo dados do Royal Bank of Scotland, citados pela Bloomberg, só este ano as emitentes europeias já recompraram 57 mil milhões de euros de dívida. Com a descida do valor das obrigações, conseguem comprá-las a um preço mais baixo do valor nominal desses títulos, gerando um lucro imediato.

No caso dos bancos, por exemplo, este tipo de operações foi vista como uma forma de mostrar um sinal de força ao mercado, numa altura em que estavam sob alguma pressão dos investidores. Na altura em que o BCP anunciou a operação de recompra, os analistas do CaixaBI comentaram que "face ao contexto das últimas semanas, entendemos que a apresentação desta operação deve ser ainda vista como uma forma de o banco transmitir uma mensagem positiva para o mercado sobre a sua situação actual".

No caso do Deutsche Bank, por exemplo, as operações de recompra de dívida permitirão um impacto positivo de 55 milhões de euros nas contas do primeiro trimestre, segundo a Bloomberg. A disponibilidade dos detentores de dívida em aceitar essa operação ficou abaixo do montante máximo pretendido, o que o banco considerou uma melhoria do sentimento do mercado em relação.

Lucrar com cortes de "rating"

Além da banca, outro dos sectores que tem sido afectado pela desconfiança dos investidores é o das matérias-primas. As agências de "rating" têm feito cortes generalizados nas notações das empresas mineiras e petrolíferas. Mas, algumas delas passaram ao contra-ataque.

Foi o caso da Anglo American, que após ter sido considerada como "lixo" pela Moody’s, S&P e Fitch, lançou uma operação de recompra de 1,2 mil milhões de dólares. A empresa aproveitou a descida nos valores das obrigações para as recomprar a um preço mais baixo do que valeriam quando atingissem a maturidade.

Também a produtora de aço sueca SSAB fez uma operação do mesmo tipo, após ter visto o "rating" cortado para "lixo". Além de conseguir ganhos com as operações, foi uma forma de mostrar que as taxas exigidas pelo mercado não reflectiam o real valor da empresa.

Colocar o dinheiro a render

Mas nem todas as operações foram motivadas apenas para dar um sinal de força aos mercados. Na origem das recompras estão também as fracas perspectivas para a evolução da economia e da inflação na Europa. E a falta de alternativas rentáveis em colocar a liquidez de que dispõem nos balanços.

"É um sinal de que as empresas sentem que a Europa está numa situação deflacionária e de que não é uma boa altura para se expandirem", referiu Barnaby Martin, estratego de crédito do Bank of America, à Bloomberg. Em vez de recorrerem a dívida para financiarem novos investimentos ou de aplicarem a liquidez que têm nos balanços na expansão da actividade, preferem reduzir dívida. É uma estratégia para adaptarem as estruturas de financiamento a um cenário de maior risco económico.

Ver comentários
Saber mais Deutsche Bank BCP Anglo American Royal Bank Bloomberg Fitch Europa Barnaby Martin America dívida recompra
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio