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Portugal emite dívida de curto prazo a taxas mais negativas
Portugal foi ao mercado emitir dívida a três e 11 meses e conseguiu taxas mais negativas com os investidores ainda mais interessados em obrigações nacionais.
Esta quarta-feira, 21 de agosto, o IGCP foi ao mercado a realizar um duplo leilão de dívida de curto prazo, tendo angariado mil milhões de euros. Portugal conseguiu taxas ainda mais negativas a três e a 11 meses e a procura aumentou face aos leilões anteriores comparáveis.
A três meses foram colocados 250 milhões de euros a uma taxa ainda mais negativa, -0,563%, o que compara com -0,425% na última emissão comparável a 19 de junho. A procura superou a oferta em 4,36 vezes, mais do que na emissão anterior que tinha sido de 3,10 vezes.
Em ambos os prazos foram atingidos novos mínimos históricos.
Já era expectável que Portugal fosse ao mercado financiar-se a taxas ainda mais negativas. Os juros têm estado em queda em todos os prazos, com especial destaque para os juros a dez anos - a maturidade de referência - que negociaram abaixo dos 0,1% pela primeira vez na passada quinta-feira. A dívida pública portuguesa com maturidade até oito anos está a negociar no vermelho no mercado secundário.
Os juros das obrigações soberanas têm vindo a cair nas últimas semanas de forma significativa à medida que os investidores procuram ativos de refúgio para se defenderem uma potencial crise económica. No caso da dívida portuguesa, os juros beneficiam também da melhoria da perspetiva para "positiva" decidida pela Moody's recentemente. Esta decisão costuma antecipar uma melhoria do rating nos meses seguintes.
Além do corte dos juros diretores, a possibilidade do Banco Central Europeu (BCE) retomar o programa de compra de ativos (cujas compras líquidas terminaram em dezembro de 2018), em particular de dívida pública, também tem vindo a beneficiar as obrigações soberanas.
Em reação aos resultados do leilão, Filipe Silva, diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa, considera que "os receios de uma possível recessão e um discurso mais cauteloso por parte dos bancos centrais tem levado os prémios de risco da dívida soberana mundial para mínimos sem precedentes".
Além disso, "a possibilidade de termos novas medidas de estímulo para as economias, para fomentarem o crescimento e inflação, continuam a suportar esta tendência", argumenta o analista do Banco Carregosa, referindo-se aos estímulos que estão em discussão na Alemanha e também às medidas do BCE.
Filipe Silva considera que "o cenário atual tem vindo a ser muito benéfico para Portugal pois tem vindo a permitir reduzir o custo médio da nossa dívida".
(Notícia atualizada às 10h59 com o comentário de Filipe Silva)