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Juros portugueses a dez anos abaixo dos 0,1% pela primeira vez

No mercado secundário, os juros portugueses a dez anos estão a negociar pela primeira vez abaixo dos 0,1%. Toda a dívida até nove anos está a negociar em terreno negativo.

Miguel Baltazar/Negócios
15 de Agosto de 2019 às 16:25
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A dívida pública portuguesa, cujo rácio é superior a 120% do PIB, a dez anos - o prazo usado como referência - está perto de negociar a um juro nulo ou mesmo negativo. 

No mercado secundário, os juros associados à dívida portuguesa a dez anos estão esta quinta-feira, 15 de agosto, a descer 9,5 pontos base para os 0,069%, o nível mais baixo de sempre. É a primeira vez que os juros portugueses estão abaixo dos 0,1%. 

Além disso, hoje marca também a primeira vez em que toda a dívida pública portuguesa com maturidade até nove anos está a negociar no vermelho no mercado secundário.

Os juros das obrigações soberanas têm vindo a cair nas últimas semanas de forma significativa à medida que os investidores procuram ativos de refúgio para se defenderem uma potencial crise económica. Ontem o Eurostat revelou que a economia da Zona Euro desacelerou no segundo trimestre e que a Alemanha, a maior economia do euro, contraiu 0,1% nesse mesmo período.

Recentemente, a Alemanha viu toda a sua dívida pública até aos 30 anos a negociar com juro negativo no mercado secundário. O mesmo ocorreu na dívida holandesa pouco tempo depois. Ontem, nos EUA, os juros da dívida a dez anos negociaram abaixo dos juros a dois anos pela primeira vez desde 2007 e hoje os juros a 30 anos negociaram abaixo dos 2%, um mínimo histórico.

No caso da dívida portuguesa, os juros estão a cair há quatro sessões, ajudados também pela melhoria da perspetiva para "positiva" decidida pela Moody's na passada sexta-feira. Esta decisão costuma antecipar uma melhoria do rating nos meses seguintes. Foi em fevereiro deste ano que os juros baixaram dos 1,5%, em maio dos 1% e em junho dos 0,5%, aproximando-se agora de terreno negativo.

Em particular esta quinta-feira os juros soberanos na Europa estão a cair de forma mais intensa por causa das palavras de Olli Rehn. O atual governador do Banco da Finlândia disse numa entrevista que quer que o BCE anuncie em setembro um pacote de estímulos "significativo e impactante" que apanhe de surpresa (pela positiva) os investidores. 

Aliás, tem sido também a expectativa de que o Banco Central Europeu (BCE) vai baixar os juros em setembro a contribuir para a queda dos juros das dívidas públicas, incluindo de Itália e da Grécia, os dois países da Zona Euro que têm os maiores rácios de endividamento face à economia.

Além do corte dos juros diretores, a possibilidade do BCE retomar o programa de compra de ativos (cujas compras líquidas terminaram em dezembro de 2018), em particular de dívida pública, tem vindo a beneficiar as obrigações soberanas.

Neste momento, a nível mundial, mais de 15 biliões de dólares de obrigações já estão em terreno negativo e mais de 30 biliões de dólares encontram-se abaixo da inflação, ou seja, não têm nenhum rendimento após descontada a variação dos preços.
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