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Juros da nova dívida a 10 anos caem para metade em dois meses
Portugal emitiu dívida a 10 anos, com uma taxa de juro que é praticamente metade da registada em julho. A procura subiu e na emisão a 15 anos também foram atingidos mínimos históricos.
Portugal financiou-se esta quarta-feira em 1.000 milhões de euros, através de um duplo leilão: a 10 e 15 anos. As taxas de juro recuaram e atingiram novos mínimos históricos. Em dois meses, as taxas cobradas a Portugal desceram para quase metade.
O IGCP colocou 600 milhões de euros em obrigações com maturidade em 2029, com uma "yield" de 0,264%, o que compara com os 0,51% suportados na emissão similar realizada a 19 de julho.
No espaço de dois meses o custo a que Portugal se financia no mercado baixou para quase metade, sendo que tal já tinha acontecido em julho. Os 0,51% que Portugal pagou para emitir a 10 anos em junho já representavam metade da "yield" da emissão realizada em maio. Comparando com o preço da colocação realizada em janeiro, a descida é ainda mais substancial, pois no início do ano o IGCP pagou uma taxa a rondar os 2%.
Na emissão realizada hoje a procura por títulos a 10 anos atingiu 1.263 milhões de euros, o que supera em 2,11 vezes a oferta. Este rácio compara com os 1,58 vezes do leilão de julho, mostrando que o apetite dos investidores por dívida portuguesa está a aumentar.
Tal é também visível na evolução dos juros no mercado secundário, que têm atingido mínimos históricos de forma consecutiva e estão cada vez mais próximos de 0% no prazo a 10 anos.
Os investidores aguardam agora com expectativa as decisões de política monetária do Banco Central Europeu que se reúne esta quinta-feira, 12 de setembro, esperando-se uma descida da taxa de juro dos depósitos e um programa de compra de ativos, com o objetivo de contrariar o abrandamento da economia europeia.
"O abrandamento económico mundial, em especial da Alemanha, tem levado muitos analistas a darem nota que poderemos vir a entrar em recessão, o que tem levado os bancos centrais a terem posturas mais acomodatícias", refere Filipe Silva, Diretor de Gestão de Ativos do Banco Carregosa, assinalando que Portugal "continua a beneficiar com as taxas de juro baixas e vai renovando a sua dívida com yields cada vez mais baixas, o que tem permitido baixar o custo médio da mesma".
Procura mais robusta
Na emissão a 15 anos o IGCP aceitou pagar uma taxa de juro de 0,676%, o que também representa o custo de financiamento mais baixo de sempre e compara com os 1,052% suportados no leilão que foi realizado há dois meses.
Foram colocados 400 milhões de euros em obrigações com maturidade em 2034, sendo que a procura atingiu 919 milhões de euros, ou seja, 2,3 vezes a oferta. Também neste caso o nível da procura foi bem mais robusto, pois em junho tinha superado a oferta em apenas 1,63 vezes.
Além do contexto favorável no mercado de obrigações, Portugal também beneficiou neste leilão com uma avaliação mais positiva das agências de rating. A 9 de agosto a Moody’s elevou a perspetiva da notação financeira de Portugal de "estável" para "positiva", abrindo a porta a uma melhoria do rating na próxima reavaliação.
Tendo em conta que o IGCP consegue se financiar a taxas cada vez mais reduzidas, o custo da "nova dívida" tem vindo a cair gradualmente. O custo médio da dívida emitida até julho situou-se nos 1,3%, um novo mínimo, pelo menos, desde 2010, segundo os dados do IGCP.
Esta emissão poderá contribuir para a almofada financeira do IGCP que, em novembro, fará o pagamento antecipado de dois mil milhões de euros aos credores europeus.