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Petróleo dispara após OPEP anunciar corte de produção acima do esperado

O cartel do petróleo vai avançar com uma redução de mais 500 mil barris por dia, o que se traduz num corte total de 1,7 milhões barris diários. Além deste volume, a Arábia Saudita disse que ia, de forma voluntária, cortar a sua produção em mais 400 mil barris. Este total de 2,1 milhões de barris de fora do mercado está a impulsionar as cotações da matéria-prima.

Bloomberg
06 de Dezembro de 2019 às 15:36
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A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e os seus aliados - o chamado grupo OPEP+, onde se inclui a Rússia - anunciaram esta sexta-feira, em Viena, uma redução adicional de 500 mil barris por dia nos primeiros três meses do próximo ano, o que faz com que o corte total da oferta de crude no mercado ascenda a 1,7 milhões de barris por dia.

No entanto, o príncipe saudita Abdulaziz bin Salman surpreendeu o mercado petrolífero ao dizer que, além deste novo corte coletivo, a Arábia Saudita vai prosseguir com "o seu corte voluntário de 400 mil barris".  

Os representantes sauditas insistiram no cumprimento mais rigoroso dos cortes definidos. Isto porque a Nigéria, Iraque, Rússia e Emirados Árabes Unidos têm "feito batota", já que todos eles têm excedido as quotas de produção que foram definidas.

Ou seja, se todos respeitarem as suas quotas, a retirada total do mercado será de 2,1 milhões de barris diários.

Esta novidade fez com que os preços do petróleo disparassem, depois de terem passado o dia a negociar em queda. 

O preço do Brent do Mar do Norte, ativo negociado em Londres e referência para Portugal, disparou 1,94% para os 64,65 dólares por barril logo após o discurso do representante saudita. O norte-americano WTI escalou 1,88% para os 59,54 dólares por barril. Nas últimas duas sessões, os preços do crude já tinham descontado o corte de produção global e valorizaram cerca de 4%.  

Depois da reunião de dois dias, em que os maiores países produtores se encontraram em Viena, a OPEP+ decidiu ir ao encontro das expectativas inicias e alargar o volume da redução. O grupo anunciou ainda que planeia marcar uma nova reunião para os dias 5 e 6 de março, para rever o acordo.

Era esperado que o cartel, pelo menos, mantivesse a redução atual de 1,2 mil milhões de barris, mas, dada a pressão de alguns países, como a Arábia Saudita, a organização optou por ir além desse número para impulsionar os preços.

A Arábia Saudita fez uma pressão adicional para que os cortes aumentem devido à entrada da Saudi Aramco em bolsa. O príncipe saudita Abdulaziz bin Salman queria garantir que os preços do "ouro negro" estavam altos o suficiente na altura da entrada em bolsa da petrolífera saudita, que vai acontecer no próximo dia 11 de dezembro.

Ontem, ao fim do dia, a Saudi Aramco encaixou 25,6 mil milhões de dólares (23 mil milhões de euros) na oferta pública inicial (IPO), o que faz desta operação a maior entrada de sempre em bolsa, já que supera o IPO em que a chinesa Alibaba assegurou, em 2014, um encaixe de 25 mil milhões de dólares. 

Outra dúvida em relação a este entendimento centrava-se na sua duração, mas a OPEP decidiu manter o prazo atual, de março de 2020. Outros membros da organização tinham proposto alargar o prazo de vigência dos cortes para junho ou dezembro do próximo ano.

Esta decisão da OPEP de alargar os cortes vem no seguimento do contexto externo adverso, precipitado pela guerra comercial entre os Estados Unidos e os seus parceiros comerciais e pelas tensões geopolíticas vividas em alguns dos maiores produtores do mundo, que ameaçam o equilíbrio dos preços. Isto também porque se prevê que no próximo ano a produção de países fora do cartel, como o Brasil ou a Noruega, aumente.

A OPEP+ (com 24 países membros, no total) tem aplicado esta política de cortes coletivos da oferta desde janeiro de 2017, com o objetivo de impulsionar os preços.

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