O arranque da comercialização de combustíveis simples ditou diferentes estratégias por parte das gasolineiras de referência, mas a lógica das promoções mantem-se igual. Os descontos com cartões, talões e afins continuam a ser uma realidade, o que permitirá aos consumidores destes produtos sem aditivos aproximarem o valor de aquisição do litro nos postos das marcas ao praticado nos hipermercados.

Ao Negócios, a Galp Energia confirmou que manterá a política de descontos no preço por litro dos seus combustíveis, sendo este aplicado tanto aos normais, que continua a comercializar, mas também aos simples, mais baratos. E o mesmo vai fazer a BP, de acordo com o comunicado enviado pela petrolífera.

"A BP vai prosseguir com a sua estratégia de parcerias, programas de fidelização e de descontos totalmente inalterada, uma vez que estes programas já entregam aos nossos clientes uma proposta de valor que vai muito para além das ofertas ditas ‘low cost’", refere a companhia.

Nestes produtos simples, em média, as gasolineiras estão a praticar valores dois cêntimos inferiores aos dos combustíveis normais, o que os mantém bastante acima dos preços praticados nos postos "low cost". Mas a Apetro, que representa o sector, já tinha feito o alerta de que os custos de estrutura diferentes impediam uma grande aproximação.

Enquanto, por exemplo, na Galp Energia o gasóleo simples custa 1,259 euros, no Pingo Doce o valor por litro é de 1,099 euros. Ou seja, são 16 cêntimos a menos. Mas com os descontos, a diferença torna-se bem menor. No caso desta petrolífera, que tem a maior quota no mercado nacional, é possível conseguir um desconto de 10 cêntimos por litro para os clientes do Continente.

75% com desconto

Em Portugal, o grosso dos combustíveis é vendido com preços inferiores aos anunciados. São poucos os portugueses que pagam o "preço da bomba": "75% dos combustíveis são vendidos com preços promocionais", diz Vítor Machado, representante da Deco na ERSE. E este facto também explica, diz o especialista, os preços mais elevados dos produtos simples nos postos de referência, em comparação com os dos hipermercados.

"Isso tem muito a ver com a dependência dos portugueses dos descontos", nota. "As petrolíferas não vão abdicar dos descontos que lhes permitem, no final, ter preços mais competitivos". É um "efeito pernicioso" que faz elevar os valores afixados, refere Vítor Machado.