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Balanço de 2015: Ouro a perder brilho há três anos consecutivos
Após 12 anos sempre em alta, em 2013 deu-se a inversão de tendência no ouro. O ano de 2015 torna-se assim o terceiro consecutivo de quedas do metal amarelo.
O ouro perdeu 10% este ano, depois de em 2013 e 2014 ter também fechado no vermelho em termos acumulados – isto após marcar valorizações durante 12 anos seguidos, conseguidas à conta do estatuto de valor-refúgio que lhe tem sido associado quando os investidores procuram alternativas ao mercado accionista, obrigacionista e cambial.
As melhorias económicas a nível global e o início da subida das taxas de juro nos Estados Unidos [pela primeira vez em nove anos] explicam, em grande medida, este desempenho negativo do metal precioso. O ouro não rende juros e com as taxas mais altas os investidores preferem apostar em activos de maior risco mas que geram também maiores retornos. Além disso, com a decisão da Reserva Federal norte-americana, o dólar valorizou, o que tornou menos atractivos os activos denominados na nota verde, como é o caso deste metal.
Dos 28 operadores inquiridos pela Bloomberg, 17 deles crêem que o ouro valorizará no próximo ano. "O que acontece nos EUA não ofusca o que se passa no resto do mundo, onde há ainda muita política monetária acomodatícia que deve beneficiar o ouro", comentou à agência noticiosa uma analista da Capital Economics, Simona Gambarini. Entre as vozes discordantes está James Cordier, fundador da Optionsellers.com: "O típico catalisador para a compra de ouro é a inflação, e é isso que está a faltar", sublinhou.
Relativamente aos restantes metais preciosos, a tendência é também de queda. A prata, que acompanha habitualmente o movimento do ouro, foi igualmente castigada em 2015, a perder 11,6% no acumulado do ano e a fixar-se abaixo dos 14 dólares. "E há mais potencial de queda nos próximos meses", avisa a Forbes.
Por seu turno, os preços da platina afundaram no contexto do escândalo das emissões que atingiu a Volkswagen, já que o uso de diesel nos carros se viu afectado: a venda de motores a diesel registou uma forte queda nos EUA. A retoma das vendas automóveis na China não foi suficiente para compensar a platina, que caiu 26,5% no acumulado do ano. Já o paládio recuou 30% entre Janeiro e Dezembro.
Os principais metais de base – cobre, alumínio, zinco, níquel, estanho e chumbo – foram penalizados pela queda da procura, muito à conta da desaceleração observada na China, tendo registado descidas generalizadas no mercado londrino (London Metal Exchange). Isto num contexto de excesso de oferta a nível mundial.
Destaque para o cobre, que perdeu bastante valor devido aos receios de uma diminuição da procura chinesa e de que a subida de juros nos EUA contribua para debilitar os metais em geral. No conjunto do ano, os preços do cobre caíram 25%.
Já o alumínio perdeu 17,5% no acumulado de 2015 (foi o segundo ano consecutivo no vermelho), tendo no mês de Novembro atingido um mínimo de seis anos. A China é a maior produtora mundial deste metal e a sua produção atingiu recordes este ano, mas os exportadores do país já vieram dizer que vão reduzir a oferta. De qualquer modo, há ainda quem estime que os preços continuem a descer. "As cotações do alumínio deverão cair 5% a 10%, antes de tocarem o fundo, no primeiro trimestre de 2016", comentou à Bloomberg o CEO da Real Industry, Craig Bouchard.
Sublinhe-se que o pior desempenho em 2015, no LME, foi o do níquel – foi, aliás, o que mais caiu de entre todas as matérias-primas que integram o índice de "commodities" da Bloomberg. Os seus inventários subiram bastante, o que pressionou ainda mais o metal devido à diminuição da procura.