Notícia
Investidores penalizam bolsa por incerteza governativa
Os investidores estão hoje a penalizar a bolsa portuguesa pela incerteza governativa ontem instalada pela decisão de Jorge Sampaio de dissolver a Assembleia da República, o que provocará eleições antecipadas. O PSI-20 caía 0,90%, com 42 milhões de acções
Os investidores estão hoje a penalizar a bolsa portuguesa pela incerteza governativa ontem instalada pela decisão de Jorge Sampaio de dissolver a Assembleia da República, o que provocará eleições antecipadas. O PSI-20 caía 0,90%, com 42 milhões de acções transaccionadas.
«Os investidores, nomeadamente os investidores estrangeiros, vêem com mais cepticismo» a situação governativa de Portugal, o que se reflecte na «saída de capitais», declarou ao Jornal de Negócio Online um corretor do mercado que não quis ser identificado.
«Mais afastados» do mercado português do que os grandes investidores nacionais, os estrangeiros são mais sensíveis à instabilidade governativa que se instalou a partir de ontem em Portugal, com incertezas sobre o exercício legislativo e a aprovação do Orçamento do Estado para 2005, acrescentou o mesmo operador.
Segundo o mesmo, o reflexo no mercado de capitais da incerteza governativa levará algumas semanas a ser «reajustado».
O PSI-20 [psi20] já recuou hoje, feriado nacional, 1,82%, para 7.385,89 pontos, seguindo agora a perder 0,90%, para 7.455,54 pontos, com a negociação de 41,92 milhões de acções, mais do que o negociado durante todo o dia de ontem. Estavam neste momento 18 acções do principal índice português a cair, uma a avançar (Sonae SGPS) e uma inalterada (BES).
As acções que estão a ser mais penalizadas são a EDP [edp] e o BCP [bcp], que já caíram mais de 3%. A Energias de Portugal (EDP) caía agora 2,70%, para 2,22 euros, depois de já ter caído 3,14%, para 2,16 euros, com 14,5 milhões de acções transaccionadas.
O Banco Comercial Português (BCP) cedia 1,60%, para 1,85 euros, depois de ter depreciado 3,19%, para 1,82 euros, com 9,64 milhões de títulos negociados.
Com 1,62 milhões de acções já movimentadas, a Brisa [brisa] caía 2,12%, para 6,46 euros, depois de ter já recuado 2,42%, para 6,44 euros.
Também a Portugal Telecom (PT) [ptc] desvalorizou, mas em menor grau. A operadora de telecomunicações, que já recuou 1,69%, para 8,75 euros, seguia agora a ceder 1,12%, para 8,80 euros. Foram já transaccionadas 3,99 milhões de acções da PT na sessão de hoje.
Ainda na Banca, o Banco BPI [bpin] depreciava 0,65%, para 3,04 euros, enquanto o Banco Espírito Santo (BES) [besnn] mantinha-se inalterado, nos 13,30 euros.
O terceiro título mais transaccionado do PSI-20 era agora a Sonae SGPS [son], com 8,83 milhões de acções a passarem de mãos, avançando 1,01%, para um euro. A ‘holding’ liderada por Belmiro de Azevedo era a única acção do PSI-20 a avançar.
Os mercados estão a reagir às decisões ontem tomadas pelo Presidente da República e à indecisão sobre a aprovação do Orçamento do Estado para 2005. Para a decisão de Jorge Sampaio de dissolver o Parlamento, ontem anunciada após o fecho dos mercados, contribuíram todos os acontecimentos dos últimos meses, entre eles, as «manifestações de quebras de confiança dos agentes económicos», disse ao Jornal de Negócios fonte da Presidência da República.
Jorge Sampaio deverá começar a ouvir os partidos políticos e o Conselho do Estado na próxima semana e pode permitir a aprovação do Orçamento do Estado para 2005, cuja apreciação e votação final global no Parlamento está marcada para a próxima segunda e terça-feira.
A decisão de Jorge Sampaio dissolver a Assembleia da República tem efeitos imediatos a nível político e económico, passando Governo a poder apenas realizar actos de gestão corrente até Fevereiro, altura em que deverão acontecer eleições.
Caso a proposta de OE não seja aprovada, a execução orçamental em 2005 ficará em regime de duodécimos até Abril e os aumentos salariais na função pública congelados, a eliminação de benefícios fiscais adiada e a redução das taxas de IRS em 2005 deixa de entrar em vigor. Já a autorização legislativa aprovada com o objectivo de alterar a Lei das rendas pode vir a ser considerada nula.