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Atualização de pensões que o Governo defende deverá ficar aquém de 3,1%
Previsão do Ministério do Trabalho tem em conta a previsão de inflação (IHPC) do Orçamento do Estado, mas a inflação que conta está cinco décimas mais baixa. É a este valor que deverão acrescer os aumentos adicionais propostos por PS ou Chega.
O Governo anunciou esta sexta-feira que o Indexante de Apoios Sociais (IAS) deverá subir 3,1%, o que, nos termos da lei, implicaria que a maioria das pensões, todas as que estão abaixo dos 1.018 euros também subissem 3,1%.
Contudo, fonte oficial do Ministério do Trabalho (MTSSS) confirmou depois que para chegar a este valor o Executivo está a ter em conta a inflação prevista no relatório do Orçamento do Estado (IHPC) para este ano.
Só que, por um lado, não é exatamente essa a inflação que conta (mas antes a inflação média - IPC - sem habitação) e, por outro lado, os dados que estão atualmente disponíveis apontam para valores inferiores aos que existiam quando o relatório do orçamento foi elaborado, no início de outubro.
O relatório do Orçamento prevê uma inflação (IHPC) de 2,6% e a inflação que conta estava em outubro nos 2,03%, com tendência decrescente. O valor que conta será o da inflação média sem habitação em novembro ou dezembro.
As contas feitas pelo Negócios revelam que com o valor de outubro, acrescido a meio ponto previsto na lei para o crescimento económico que se verificou, a atualização dessas pensões (até 1018,52) seria de 2,53%. Mas o valor ainda pode evoluir até ao final do ano.
O PS apontou esta sexta-feira para 2,5% e questionou a ministra do Trabalho e da Segurança Social sobre os cálculos, mas não obteve resposta.
Aumento adicional deverá avançar
Este valor é relevante porque é em cima deste valor que se aplicarão as propostas do PS ou do Chega que parecem, neste momento, as que têm maioria para avançar.
O PS propõe um aumento de 1,25 pontos percentuais que se aplicará a quem tem pensões de até aos 3 IAS (atualmente, 1527,78 euros).
O Chega, que juntamente com o PS tem maioria, também já apresentou uma proposta no mesmo sentido, com um aumento adicional de 1,5%. André Ventura admitiu esta sexta-feira que poderá aprovar a proposta do PS, embora não tenha sido totalmente conclusivo.
O valor inicialmente anunciado pela ministra Rosário Palma Ramalho foi de 3,01%, mas o gabinete esclareceu depois que o valor a que a ministra se referia era de 3,01%.
A questão dos indicadores reais também se coloca para a atualização do Indexante de Apoios Sociais, que por sua vez está associado a uma série de prestações sociais. Se o IAS subir menos, as prestações também sobem menos.
Notícia atualizada pelas 19:04 e corrigida para explicar que, segundo os cálculos do Negócios, com a inflação de outubro o aumento ficaria em 2,53 (e não 2,51 como inicialmente se dizia).