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China abala mercados bolsistas

As ondas de choque provocadas pela maior desvalorização do yuan em 20 anos continuam a ter efeitos nos mercados bolsistas de todo o mundo. A Europa negoceia no vermelho e regista, para já, quedas superiores a 1% e 2%.

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Os efeitos da desvalorização do yuan voltam a fazer-se sentir um pouco por todo o mundo. Após a queda de Wall Street e dos mercados asiáticos, é agora a vez das bolsas europeias registarem quedas superiores a 1% e 2%.

O índice Stoxx 600, que reúne as maiores empresas europeias, perde 1,80% para 386,54 pontos, após ter registado uma queda de 1,55% na terça-feira (a maior das últimas duas semanas), dia em que o banco central da China anunciou a maior desvalorização do yuan em 20 anos.

O banco central atirou o câmbio do yuan face ao dólar de 6,1162 para 6,2298, roubando valor à sua divisa. Antes deste ajustamento, a maior desvalorização tinha sido de 0,16%.

Na sequência deste corte, a moeda chinesa perdeu hoje quase 2% para 6,4465, o valor mais baixo dos últimos quatro anos.   

A decisão do banco central chinês foi bem recebida pela Comissão Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional, mas está a deixar os investidores à beira de um ataque de nervos. É que na base desta decisão está, essencialmente, a forte desaceleração da segunda maior economia do mundo. No primeiro e segundo trimestre deste ano, por exemplo, a economia chinesa cresceu a um ritmo anualizado de 7%, o mais baixo em seis anos. 

Os investidores optam, assim, por reduzir a sua exposição ao risco. "O mercado pode interpretar esta mensagem como [o reflexo] de que a economia chinesa se está a comportar tão mal como apontam algumas das avaliações mais pessimistas", sublinhavam ontem os analistas do Citigroup, citados pelo Financial Times.  

A verdade é que esta quarta-feira, as bolsas asiáticas registaram fortes quedas e as europeias negoceiam já com perdas acentuadas. Os índices japoneses Nikkei e Topix perderam, respectivamente, 1,58% e 1,29%. Na China, a bolsa de Xangai perdeu 1,06% e a de Shenzhen recuou 1,55%. 

Na Europa, o índice francês CAC40 regista a maior queda ao perder 2,58%, seguido pelo holandês que desvaloriza 2,52%. O alemão DAX recua 2,04% para 11.062,77 pontos e o espanhol Ibex desce 1,59% para 10.974,60 pontos. 

A desvalorização da moeda chinesa está a afastar os investidores de activos de risco e a aumentar a procura por activos de refúgio, como o ouro ou as obrigações alemãs. Os juros da dívida (que negoceiam em sentido contrário ao das obrigações) germânica a dois anos já tocaram no valor mais baixo de sempre, ao negociarem nos -0,29%. Já o ouro sobe 0,49% para 1.114,35 dólares por onça.
Comissão Europeia e FMI elogiam decisão do banco central da China 

Bruxelas considera "positivo" que o Banco Popular da China tenha desvalorizado o yuan em relação ao dólar. "Como princípio, a Comissão Europeia crê que o valor de qualquer moeda deve ser determinado por fundamentos económicos", afirmou esta esta terça-feira a porta-voz da Comissão Europeia, Annika Breidthardt. Bruxelas considera que esta medida vai permitir que a "taxa diária possa reflectir melhor o equilíbrio entre oferta e procura no mercado de divisas".

Já o Fundo Monetário Internacional vê esta medida como um "bom passo" para a abertura e flexibilização do mercado cambial da segunda maior economia mundial. Para a instituição liderada por Christine Lagarde, uma maior flexibilidade no câmbio é importante para uma China que "se esforça para dar às forças do mercado um papel decisivo na economia e se está a integrar rapidamente nos mercados financeiros globais". "Acreditamos que a China pode - e deve - tratar de conseguir um sistema de câmbio que flutue de forma eficaz entre dois e três anos", indicou o organismo.

 

Quanto à eventual inclusão do yuan no cabaz de divisas que compõem a SDR [direitos de saque especiais, na sigla em inglês, ou seja, a bolsa de moedas que o Fundo utiliza internamente], a instituição indicou que as medidas anunciadas por Pequim "não têm implicações diretas" nos critérios que usa para esse efeito. No entanto, acrescentou que uma taxa de câmbio mais determinada pelo mercado "facilitaria" as operações da SDR no caso do yuan ser incluído nesse cabaz.

(Notícia actualizada às 09h52 com as reacções da Comissão Europeia e do Fundo Monetário Internacional) 
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