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China intervém para limitar desvalorização da moeda

O banco central chinês reduziu a cotação diária do yuan pelo segundo dia consecutivo, provocando mais desvalorizações na moeda chinesa nos mercados. A cotação atingiu o valor mais baixo em quatro anos, obrigando o banco central a intervir.

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O Banco Popular da China terá efectuado intervenções no mercado cambial esta quarta-feira, para limitar a desvalorização da moeda chinesa, de acordo com vários meios de comunicação internacionais, como a Bloomberg e o Wall Street Journal.

 

Depois de ontem o banco central chinês ter surpreendido o mercado com um corte de 1,9% no valor do câmbio diário do yuan, hoje a autoridade monetária voltou a aplicar uma redução de 1,6% na taxa de câmbio da sua moeda face ao dólar.

 

Estas duas reduções, que têm como principal objectivo impulsionar as exportações das empresas do país, levaram os investidores a pressionarem em baixa o valor da moeda, temendo que as autoridades chinesas mantenham a política de desvalorização da moeda.

 

O resultado foi uma queda de 2% na cotação da divisa nos mercados cambiais, para 6,4510 yuan por dólar, o que constitui o valor mais reduzido em quatro anos.

 

Além de ter cortado a taxa de câmbio do yuan face ao dólar, o banco central da China alterou as regras de fixação da cotação, para permitir uma maior flutuação no mercado (2% a partir de um ponto médio) e estar de acordo com a oferta e procura dos mercados internacionais de divisas e os movimentos cambiais das moedas mais influentes do mundo.

 

Foi esta maior flexibilidade na fixação da taxa de câmbio nos mercados que levou os investidores a exercerem uma forte pressão vendedora sobre o yuan, obrigando o banco central a intervir para limitar a queda da cotação. No final da sessão desta quarta-feira a cotação da moeda chinesa recuperou face ao mínimo de quatro anos que tinha fixado durante a sessão, para 6,38 yuan por dólar. Uma subida nos últimos minutos da sessão que os media internacionais atribuem à intervenção do Banco Popular da China.

De acordo como Wall Street Journal, o banco central deu instruções a empresas públicas do país para venderem dólares no mercado, de forma a impulsionar o valor da moeda chinesa.

 

Banco central nega movimento para desvalorizar a moeda

 

A desvalorização de moedas rivais tem prejudicado a competitividade das exportações chinesas, com a venda de bens a cair 8,3% em Julho face ao mesmo mês de 2014. No primeiro e segundo trimestre deste ano, a China cresceu a um ritmo anualizado de 7%, o mais baixo em seis anos. A depreciação do yuan deverá impulsionar as exportações e, espera Pequim, aliviar os custos de financiamento.

 

As medidas adoptadas pelas autoridades chinesas levam os investidores a temer que a China esteja apenas a iniciar uma guerra cambial, desvalorizando a moeda para as suas empresas não perderem competitividade no mercado mundial.

 

Num comunicado emitido esta quarta-feira o banco central tenta contrariar este raciocínio, ao garantir que não vai embarcar numa política de desvalorização contínua da moeda. "Devido às condições financeiras e à situação da economia doméstica e internacional, actualmente não há base para uma desvalorização persistente do yuan", refere o comunicado, citado pelo Financial Times, acrescentando que "recentemente, os principais indicadores económicos [na China] estabilizaram e deram sinais positivos, o que providencia um ambiente macro-económico favorável para um yuan estável".

Contudo, de acordo com a Reuters, o banco central chinês está a ser pressionado a deixar a moeda do país desvalorizar ainda mais. A agência de notícias adianta que há membros do Governo de Pequim que pretendem uma queda de 10% do yuan face ao dólar.

 

"Têm existido pressões internas para que a taxa de câmbio seja mais flexível, ou desvalorize de forma apropriada, para ajudar a estabilizar a procura externa e o crescimento económico", disse à Reuters um conselheiro económico do banco central chinês, adiantando que uma queda de 10% na moeda "será gerivel", sendo que se for e menor dimensão não será suficiente para impulsionar as exportações.

 

O ministro do Comércio chinês mostrou-se ontem agradado com a decisão do banco central em cortar a taxa de câmbio da moeda chinesa.  

Afinal, o que é que o Banco Popular da China fez?
Ao contrário de divisas como o euro ou o dólar, o yuan não flutua livremente no mercado. Em vez disso, todos os dias de manhã (9h15 em Pequim), o Banco Popular da China anuncia uma espécie de preço diário para a moeda. Isto é, um valor médio de câmbio a partir do qual a divisa pode apreciar ou depreciar 2%. Ontem esse valor foi ajustado em 1,9%, com a moeda a continuar a poder flutuar os anteriores 2%, mas a partir de um ponto "mais baixo". Esta quarta-feira foi efectuado um novo corte, de 1,6%.
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