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Brasil: Investidores atiram real para o “lixo”

A moeda do Brasil acentuou a queda, tocando no valor mais baixo de sempre, pressionada pelo receio dos investidores de um novo corte de “rating”. O ministro brasileiro das Finanças vai reunir-se com a Fitch.

Reuters
22 de Setembro de 2015 às 19:44
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Um real nunca valeu tão pouco. Num contexto de grande volatilidade no mercado cambial, a tendência da moeda do Brasil tem sido apenas uma: desvalorização. A economia está em recessão e a instabilidade política agrava-se, com o escândalo do "Lava Jato" a pairar sobre o partido de Dilma Roussef, o que tem pressionado a divisa. As agências de "rating" deram o "empurrão" final, levando a moeda do Brasil a tocar no valor mais baixo de sempre.

 

Tocou nos 4,0604 reais por dólar, na sessão desta terça-feira. Ou seja, para comprar um dólar é preciso gastar um pouco mais de quatro reais. Para um euro é preciso ainda mais: 4,5249 reais. Com a queda de 1,8%, o real fixou um novo mínimo histórico intradiário face ao dólar, substituindo o anterior mínimo de 2002. Na altura, a preocupação em torno da eleição de Lula da Silva e do incumprimento do pagamento da dívida levaram a moeda brasileira para o valor mais baixo de sempre.

 

A conjugação da situação política com a crise económica está novamente a pressionar a moeda, que segue a tendência de queda das economias muito dependentes dos preços das matérias-primas. "A economia está com problemas, precisa de um ajustamento, e ainda não vimos grandes progressos nesse sentido", disse Alberto Ramos, citado pela Bloomberg. "O cenário macroeconómico vai piorar antes de melhorar, por isso podemos ver mais danos no futuro", acrescentou o economista-chefe para a América Latina da Goldman Sachs.

 

Após o corte do "rating" de BBB- para BB+, o primeiro nível de "lixo" - em que o investimento é considerado especulativo, pela Standard e Poor’s (S&P), Dilma Roussef apresentou um novo plano de austeridade. O plano, que inclui cortes na despesa e aumentos de impostos, tem suscitado críticas severas, estando em risco a sua aprovação no Congresso. Com a pior recessão desde 1930, a inflação a disparar e o escândalo da Petrobras a afectar o partido, os níveis de popularidade da presidente do Brasil têm caído para mínimos, falando-se na possibilidade de demissão.

 

Esta incerteza leva os analistas a temer um novo corte de "rating" pelas outras agências de notação financeira. "Arriscamo-nos a perder o nosso ‘rating’ de investimento (da Moody’s e Fitch) e o governo não consegue aprovar nada no Congresso", disse Pedro Paulo Silveira, economista da corretora TOV, ao The Wall Street Journal.

 

Ministro das Finanças reúne-se com a Fitch

Neste cenário, o ministro das Finanças, Joaquim Levy, vai reunir-se com os analistas da Fitch, esta quarta-feira, avançou a Bloomberg. A agência de notação financeira, que tem o "rating" da dívida soberana do Brasil avaliado em dois níveis acima de "lixo", declarou que há mais de 50% de hipóteses de cortar a notação.

 

A Moody’s que tem actualmente um rating de "Baa3" para o Brasil, o nível mais baixo de investimento, indicou que não iria cortar a notação. "O Brasil enfrenta uma clara fraqueza, mas não está tão mal como outros países estavam quando cortámos o ‘rating’" disse Mauro Leos, numa conferência esta terça-feira, citado pela Bloomberg. Para o analista sénior da Moody’s, o Brasil está ainda em melhor situação do que a Croácia ou a Hungria, cuja notação financeira foi cortada para o nível de "lixo" nos últimos anos.

 

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