A Galp Energia realizou o Dia do Investidor, esta terça-feira, onde apresentou as linhas estratégicas e estimativas para o negócio. No geral, as metas estão em linha com as previsões dos bancos de investimento. Os analistas foram surpreendidos principalmente pelo corte no investimento, superior ao esperado. O compromisso de manter um dividendo estável a partir de 2017 obtém a aprovação dos analistas. Saiba o que dizem cinco bancos de investimento que seguem as acções da Galp sobre a apresentação da empresa.

Barclays vê Galp mais cautelosa
A Galp Energia adoptou uma posição conservadora no Dia do Investidor, em Londres, destaca o Barclays. Para "adaptar-se a um mundo de preços baixos do petróleo", a Galp "reduziu significativamente as estimativas de preço" e cortou as metas para as margens de refinação. O crescimento da produção de 25 a 30% até 2020 – "incomparável no sector" - é "prudente" tendo em conta a produtividade actual dos poços da petrolífera, consideram os analistas do banco, que atribuem um preço-alvo de 14,00 euros.

Relativamente ao dividendo, o Barclays considera que a decisão de manter a remuneração estável a partir de 2017 é "correcta", preferindo que a empresa invista no negócio.

UBS surpreendido com corte no investimento
Ao contrário do Barclays, o UBS destaca que a Galp Energia apresentou previsões menos "conservadoras" do que no ano passado. São por isso mais realistas, ainda assim inferiores às estimativas do UBS. A redução do preço do "break even" dos projectos já aprovados (a partir do qual a extracção se torna rentável) "destaca a elevada qualidade dos activos", salienta o banco.

A redução no investimento (capex) foi superior à esperada pelo UBS, que apontava para despesas de capital na ordem de 1,3 mil milhões de euros até 2020, face ao intervalo de 1,0 a 1,2 mil milhões avançado pela energética. Contudo, a política de remuneração dos accionistas é "consistente com a previsão do dividendo estável em 2017 e crescimento limitado a partir de 2018", diz a equipa de analistas liderada por Henri Patriot.

Bernstein elege Galp uma das acções preferidas na Europa
A Galp Energia continua a ser "uma das nossas [petrolíferas] europeias integradas preferidas", destaca o Bernstein. "Nem o petróleo a 35 dólares o ano inteiro compromete" este investimento, destacam os analistas, numa nota para investidores.

Para o Bernstein, a Galp demonstrou que "o pior já passou no Brasil". Por isso, "o portefólio único de crescimento na exploração está intacto" e a petrolífera irá continuar a apresentar bons resultados, acreditam os analistas. "Esta é uma empresa que prefere prometer menos e cumprir mais", destaca a corretora, que atribui um preço-alvo de 12,6 euros por acção.

BPI sobe avaliação
O BPI subiu a avaliação para as acções de 11,80 para 12,15 euros e a recomendação de "reduzir" para "neutral", após a apresentação da Galp Energia, ainda que não tenha registado fortes surpresas. "O corte no capex e a média de aumento de 3% do EBITDA entre 2016 e 2020 justificam a melhoria de 0,35 euros no nosso preço-alvo", diz o banco de investimento. "O potencial de crescimento do ‘upstream’ (exploração e produção), um resiliente ‘downstream’ (refinação e distribuição), foco na disciplina financeira e potencial rotação de activos levaram-nos a melhorar a recomendação para ‘neutral’", conclui o BPI.

Haitong destaca refinação
O Haitong destaca que a mensagem da Galp é "tranquilizadora", mas não deverá levar a qualquer melhoria do consenso do mercado para os resultados. A maioria dos objectivos para a produção está em linha com o que era previsto pelo banco, ainda que o orçamento para investimento esteja um pouco abaixo do esperado, possivelmente devido a atrasos no Brasil e à redução em Moçambique, consideram os analistas.

Mas, "a ligeiramente menor contribuição da exploração e produção face às nossas estimativas devido aos atrasos nestes dois projectos é totalmente compensada pela visão mais positiva da Galp no ‘outlook’ para os seus activos de refinação", destaca o Haitong.

Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de "research" emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de "research" na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.