Com apenas 32 anos Martin Shkreli é já um mito no sector farmacêutico. O jovem empresário gerou controvérsia quando, após comprar os direitos de negociação de um medicamento antiparasitário, decidiu subir o preço de 13,50 para 750 dólares. Mas, o trajecto surpreendente de Shkreli na indústria farmacêutica conheceu um revés, quando foi preso esta quinta-feira, 17 de Dezembro, acusado de fraude financeira.

Martin Shkreli estava ainda na sua casa em Manhattan, quando as autoridades chegaram para o deter por suspeitas de fraude num processo que recua à época em que o actual líder da KaloBios Pharmaceuticals estava ainda noutra farmacêutica que criara em 2011. O empresário foi acusado de usar ilegalmente acções da Retrophin para pagar dívidas de outros negócios pessoais.

Estes pagamentos com títulos da Retrophin, que Shkreli liderava na época, surgem depois de um outro esquema que se revelou ruinoso, em que o gestor criou os fundos de cobertura de risco MSMB Funds, que entretanto perderam milhões de dólares e originaram várias queixas por parte dos investidores defraudados.

Este caso terá estado na origem do afastamento de Shkreli pela administração da Retrophin, que entretanto o processou. A empresa acusa o seu antigo líder de usar activos da companhia, incluindo acções, para "enriquecer e para pagar queixas dos investidores do MSMB (que ele tinha defraudado) ".

Os esquemas fraudulentos a que alegadamente Shkreli recorria, e que contaram com o apoio do seu advogado, Evan Greebel, remontam a 2009 e prolongam-se até ao ano passado. Os agentes federais nos Estados Unidos acusam o gestor de ter adulterado e omitido informação aos investidores dos "hedge funds" que geria, além de mentir a uma corretora e ter realizado outras condutas fraudulentas nos fundos.

Nova empresa

Este caso não impediu, porém, que o filho de emigrantes da Albânia e Croácia nos Estados Unidos voltasse a tentar a sua sorte no sector farmacêutico, desta vez comprando uma posição de uma companhia já no mercado.

Shkreli comprou no mês passado uma posição maioritária na KaloBios, autotitulando-se o novo CEO da companhia. O negócio levou a companhia, que desenvolve medicamentos contra o cancro, a disparar 400% no dia após a oferta, com as acções da empresa a mais que duplicarem desde então.

As acções da KaloBios encontram-se agora suspensas em 11,03 dólares, depois de terem afundado 53% no pré-mercado, levando o seu CEO a perder 26,7 milhões de dólares em menos de um dia.