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Investidores fogem da vacina da Fed, correm para a dívida e afundam ações
Depois de terem registado a pior semana desde 2008, em plena crise financeira, as bolsas norte-americanas recuperaram fôlego no início da semana, com o melhor ganho em 14 meses. Mas foi sol de pouca dura. Os investidores receiam que o corte de emergência dos juros diretores pela Fed não seja suficiente para combater o impacto económico da epidemia de coronavírus.
O Dow Jones encerrou a perder 2,89% para 25.932,84 pontos e o Standard & Poor’s 500 recuou 2,81% para 3.003,37 pontos. O S&P 500 cedeu assim pela oitava sessão em nove.
O tecnológico Nasdaq Composite seguiu a mesma tendência de queda, fechando a retroceder 2,99% para 8.684,09 pontos.
A pressionar Wall Street esteve a preocupação dos investidores, que preferiram apostar em ativos considerados mais seguros, como o ouro e a dívida, e fugir das ações, uma vez que receiam que o corte de emergência por parte da Reserva Federal norte-americana – que hoje desceu os juros diretores em 50 pontos base – não seja suficiente para conter o impacto económico da epidemia de coronavírus.
Os principais índices bolsistas do outro lado do Atlântico, que ontem registaram a melhor jornada desde 26 de dezembro de 2018, depois de na semana passada terem tido o pior desempenho desde outubro de 2008, voltaram assim a terreno negativo.
O ouro, um ativo-refúgio por excelência em momentos de incerteza, esteve a capitalizar estes receios e a registar a maior subida desde julho de 2016.
Também as obrigações norte-americanas foram muito procuradas, com os juros da dívida a 10 anos a caírem pela primeira vez abaixo de 1% - já na semana passada tinham atingido mínimos históricos e prosseguem agora esse movimento.
Apesar de as taxas de juro mais baixas serem uma boa notícia para as ações, já que tornam as compras mais baratas, o corte de emergência da Fed sinaliza que a economia dos EUA poderá estar em sérios apuros devido ao surto do Covid-19.
O presidente da Fed, Jerome Powell, sublinhou esta terça-feira em conferência de impressa que a economia norte-americana continua robusta, mas que o aperto em setores como o turismo e viagens e as perturbações nas cadeias de fornecimento estão a tornar-se aparentes nos indicadores de confiança – quer dos consumidores, quer dos empresários.