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Corte de juros da Fed travou ganhos na Europa, levou à queda de Wall Street e ao tombo dos juros
As principais bolsas europeias iam a caminho de uma das melhores sessões em pelo menos quatro anos quando a Fed anunciou, de forma surpreendente, um corte à taxa de juros diretora do país. Em reação, os ganhos moderaram-se na Europa, Wall Street inverteu para o vermelho e os juros acentuaram as descidas que já estavam a ser registadas.
Os mercados em números
PSI-20 avançou 1,53% para 4.890,02 pontos
Stoxx 600 valorizou 1,37% para 381,13 pontos
S&P500 cai 1,20% para os 3.053,06 pontos
Juros da dívida portuguesa a dez anos descem 9,5 pontos base para 0,252%
Euro aprecia 0,32% para 1,1170 dólares
Petróleo em Londres sobe 0,69% para 52,26 dólares por barril
Fed modera ganhos provocados pelo G7
As principais bolsas europeias valorizaram pelo segundo dia consecutivo na sessão desta terça-feira, 3 de março.
No entanto, os fortes ganhos (subidas em torno de 3%) registados na Europa depois de o G7 ter admitido adotar medidas expansionistas para responder aos riscos apresentados pelo coronavírus, que colocaram mesmo o índice de referência a caminho daquela que poderia ser a maior valorização diária desde janeiro do ano passado, acabaram por ser atenuados pela decisão tomada de surpresa pela Reserva Federal dos Estados Unidos.
Perante o risco crescente de impacto negativo do Covid-19 para a economia mundial, e para a economia norte-americana em particular, o banco central dos EUA decretou um corte de 50 pontos base à taxa de juro diretora.
Esta decisão, mesmo que represente efeitos positivos para os mercados na medida em que favorece a liquidez e os custos de financiamento na maior economia do mundo, foi lida pelos mercados como um sinal de alarme por parte da Fed, o que acabou por provocar uma moderação dos ganhos que se verificavam no velho continente. Já Wall Street inverteu mesmo para terreno negativo depois do anúncio da instituição liderada por Jerome Powell.
Com efeito, o Stoxx600 terminou o dia a avançar 1,37% para 381,13 pontos (com todos os setores europeus em alta), enquanto o lisboeta PSI-20 ganhou 1,53% para 4.890,02 pontos. Em Wall Street os índices marcam quedas em torno de 1%.
Juros aliviam na Zona Euro
Os juros das dívidas públicas registam uma tendência generalizada de alívio na área do euro, com as obrigações soberanas dos países da moeda única a beneficiaram da procura de ativos considerados mais seguros por parte dos investidores.
A "yield" associada aos títulos de Portugal com prazo a 10 anos cai 9,5 pontos base para 0,252%, a contrapartida mais baixa desde 26 de fevereiro. Também a taxa de juro corresponde à dívida da Alemanha a 10 anos recua, ainda que apenas 0,1 pontos base para -0,630%.
A tendência é geral e até mesmo a "yields" associada às obrigações de Itália com maturidade a 10 anos afunda 16 pontos base para 0,972%, estando assim em mínimos de 25 de fevereiro na primeira descida após sete sessões de agravamento.
Esta descida dos juros das obrigações soberanas reflete sobretudo a expectativa dos investidores de que o Banco Central Europeu vai seguir o caminho da Fed de descer as taxas de juro.
Euro em máximos de dois meses
A divisa comunitária sobe face ao dólar pelo quarto dia seguido para transacionar em máximos de 2 de janeiro contra a moeda norte-americana.
O euro segue a apreciar 0,32% para 1,1170 dólares, enquanto o dólar perde terreno face a um cabaz composto pelas principais moedas mundiais para transacionar em mínimos de 8 de janeiro.
A injeção de liquidez na economia decretada pela Fed mediante uma descida dos juros nos Estados Unidos acaba por ter como reflexo a desvalorização do dólar.
Corte de juros pela Fed dá impulso ao petróleo
As cotações do "ouro negro" seguem a ganhar terreno nos principais mercados internacionais, animados pelo corte de emergência da taxa de juro diretora da Reserva Federal norte-americana, em 50 pontos base, com o intuito de revitalizar os mercados financeiros.
O West Texas Intermediate (WTI) segue a somar 1,13% para 47,28 dólares por barril, o valor mais alto desde 27 de fevereiro. Também o Brent do Mar do Norte – que é negociado em Londres e serve de referência às importações portuguesas – segue no verde, com os preços a valorizarem 0,69% para 52,26 dólares, valor que não atingia desde 26 de fevereiro.
Ouro regista maior subida diária desde junho de 2016
O metal amarelo ampliou os ganhos esta terça-feira assim que foi conhecida a decisão da Fed de cortar os juros diretores, a capitalizar o seu estatuto de valor-refúgio.
O ouro segue a somar 3,01% para 1.637,23 dólares por onça no mercado nova-iorquino, tendo já estado a escalar 4,69% naquela que foi a maior subida desde junho de 2016.