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CMVM “analisa” valorização de 14% da Soares da Costa antes de acordo com Mosquito

Subida das acções para valor mais alto desde 2010 e troca de acções inédita desde 2009 serão averiguadas pelo regulador do mercado de capitais.

Bruno Simão/Negócios
26 de Novembro de 2013 às 22:12
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O investimento de 70 milhões de euros de António Mosquito na unidade de construção da Soares da Costa já tinha sido anunciado. Faltava o entendimento definitivo. Esse acordo teve lugar esta terça-feira, 26 de Novembro. Contudo, antes de o acordo ter sido tornado público, as acções da Soares da Costa SGPS dispararam em bolsa. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) vai averiguar o que se passou e se houve práticas ilícitas.

 

As acções da Soares da Costa estiveram a negociar sem grandes alterações na sessão desta terça-feira. Fecharam nos 28 cêntimos na segunda-feira e só pouco depois das 9h30 desta terça-feira é que houve negociação bolsista. Os títulos chegaram a resvalar, durante a manhã, para terreno negativo, tendo permanecido nos 28 cêntimos até pouco depois das 15h00. Aí, a animação começou. E só terminou com o fecho da bolsa, pelas 16h30. As acções da empresa sob o comando de António Castro Henriques (na foto) ganharam 14,29% para terminarem nos 32 cêntimos. As acções não cotavam neste valor desde Março de 2010.

 

A evolução da cotação foi acompanhada por um aumento do volume de papéis negociados. Até às 15h00, trocaram de mãos pouco mais de 100 mil acções da Soares da Costa, de acordo com as ordens de compra e venda inscritas no terminal da Bloomberg. Contudo, no final da sessão contavam-se perto de 3,7 milhões de acções transaccionadas. A média dos últimos seis meses é de pouco mais de 270 acções trocadas para uma sessão completa. É necessário recuar até 2009 para encontrar um volume tão elevado.

 

Estas movimentações ocorreram todas durante a sessão da bolsa de Lisboa, da NYSE Euronext, cujo horário regulamento termina pelas 16h30. Contudo, só às 17h12 é que foi publicado o comunicado da Soares da Costa que informa sobre a assinatura do acordo de subscrição e de acordo accionista relativo à unidade de construções por parte da empresa e António Mosquito. 


A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), como normalmente faz quando há anúncios de informação relevante sobre empresas cotadas em bolsa, garantiu, em resposta ao Negócios, que a "situação está a ser analisada".

 

De acordo com o comunicado desta terça-feira, foi celebrado nesta data um acordo entre a Soares da Costa e a sociedade GAM, totalmente detida pelo empresário António Mosquito, que prevê um acordo de subscrição de um aumento de capital de 70 milhões de euros da Soares da Costa Construção que será totalmente subscrito pelo investidor. Além disso, também se insere aqui um acordo entre o Grupo Soares da Costa e António Mosquito que define a parceria estratégica para a Soares da Costa Construção SGPS SA.

 

Estes acordos já estavam pré-definidos e tinham sido levados a assembleia-geral de accionistas em Setembro, merecendo a aprovação da maioria dos votantes.

 

 
Manuel Fino perde "verdadeira âncora"

A Soares da Costa é um dos grandes grupos de construção em Portugal, cotado em bolsa. O nome está amplamente ligado a Manuel Fino, dono de uma participação maioritária, em torno de 70%. Esta empresa não sofre qualquer alteração accionista com este acordo. O que se altera é a estrutura accionista da Sociedade de Construções Soares da Costa, até aqui detida integralmente pelo grupo.

 

De acordo com o site da empresa, a unidade de construções, que passa a ser detida em 67,7% por António Mosquito, "é a verdadeira âncora do Grupo e a descendente directa da empresa-mãe". Esta é a sociedade que mais contribui para o volume de negócios do grupo. O grupo Soares da Costa SGPS fica, agora, apenas com uma posição de 33,3%. 

 

 

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