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Fladgate "saca" 100 milhões para fazer WoW no centro histórico de Gaia
O “World of Wine” é o novo investimento do grupo de vinho do Porto que detém a Taylor’s e o hotel The Yeatman. Adrian Bridge prevê a criação de 350 empregos e promete entregar o projecto em Junho de 2020.
A The Fladgate Partnership vai investir entre 80 a 100 milhões de euros num mega complexo turístico, cultural e comercial na zona histórica de Vila Nova de Gaia. O "World of Wine" (WoW) deve criar 350 postos de trabalho directos e permanentes depois da abertura, prometida para Junho de 2020.
O projecto prevê cinco espaços temáticos – sobre os vinhos portugueses, a cortiça (usada nas rolhas das garrafas), a história e população do Porto, a indústria da moda e do design no Norte do país e ainda sobre a evolução dos copos de vinho –, além de 12 restaurantes, uma área para eventos e várias lojas. Este novo empreendimento vai ocupar os três hectares dos antigos armazéns de envelhecimento da Croft e da Taylor’s, que, tal como sucedeu com outras marcas, foram saindo do "coração" histórico de Gaia.
Fonseca e Krohn são as duas outras casas de vinho do Porto detidas pelo grupo liderado por Adrian Bridge, que em 2010 entrou no segmento turístico com o luxuoso hotel vínico The Yeatman (que será vizinho do WoW), reforçado no ano passado com as compras do histórico Infante Sagres, no Porto, e com a reabertura do Vintage House, no Pinhão. Presente também na distribuição de vinhos, com a Heritage Wines e a On-Wine, as vendas consolidadas ascenderam a 102 milhões de euros em 2016, apesar das primeiras perdas com o Brexit, ultrapassando pela primeira vez a barreira dos nove dígitos.
A reconversão de parte do património neste projecto, classificado de Potencial Interesse Nacional (PIN) e que tem pontos em comum com a "La Cité du Vin", inaugurada há menos de um ano em Bordéus, foi apresentada esta quinta-feira, 8 de Junho, num evento em que participou também o presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, eleito pelo PS. Adrian Bridge, director-geral do grupo desde 2000, sublinhou a "intenção [de] criar um catalisador, que estimule o investimento e o desenvolvimento, e que transformará e beneficiará a cidade inteira".
"As empresas do sector do turismo, num raio de vinte quilómetros, vão beneficiar do aumento da procura gerado pelo WoW, através do aumento da estadia média dos hóspedes e da redução do efeito da sazonalidade, associado aos períodos de ocupação mais baixa, entre Novembro e Março", sustentou o gestor de origem britânica, que veio para Portugal em 1994 e que é casado com Natasha, a filha mais velha de Alistair Robertson, presidente da The Fladgate Partnership.
A dezena e meia de caves de vinho do Porto, que estão abertas ao público na zona ribeirinha de Gaia, recebem mais de um milhão de visitantes anuais, sendo que pelo aeroporto Francisco Sá Carneiro, que serve a região, passaram mais de nove milhões de passageiros no ano passado – um crescimento que até já fez abrir o debate sobre os planos de expansão. Ora, olhando para estes números de forma conservadora, Adrian Bridge estimou de que "inicialmente o projecto servirá 560.000 visitantes, que realizarão no WoW mais de um milhão de visitas culturais".
Perante várias dezenas de convidados, que assistiram à simulação dos primeiros alicerces do projecto, o líder da Fladgate insistiu que "a preocupação, desde o princípio, foi como criar um pólo de atracção com impacto mundial, mantendo as características deste lugar histórico". E avisou que "os turistas precisam de hotéis, mas apenas se tiverem actividades para os ocuparem", pois "sem nada para fazerem, acabará por haver um excesso de oferta hoteleira".
Este não é o único empreendimento turístico de grande envergadura que tem em carteira e pronto a avançar. Como o Negócios noticiou em Maio de 2016, o grupo tem outro projecto de investimento avaliado em dez milhões de euros, que pode concluir também até ao final desta década, para "transformar o Pinhão no coração do turismo de qualidade do Vale do Douro" e prolongar a época alta na região duriense, que vai de Março ao final de Outubro, no término das vindimas.