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Conheça o "novo" mais antigo hotel de cinco estrelas do Porto

O histórico Infante Sagres, comprado pela dona da Taylor's à família Júdice, reabriu após obras de 8,5 milhões de euros. O grupo vinícola que faz quase um quarto do negócio no turismo já tem projecto para ampliar o hotel onde dormiram Dalai Lama ou Bob Dylan.

20 de Abril de 2018 às 17:58
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Cinco meses após fechar para obras de renovação, o hotel Infante Sagres reabriu esta segunda-feira, 16 de Abril, com mais 15 quartos, num total de 85. Situado na Baixa do Porto, nas imediações da Avenida dos Aliados, a histórica unidade hoteleira foi comprada pela The Fladgate Partnership (TFP), em Abril de 2016, ao antigo grupo Lágrimas, da família Júdice.

 

O valor desse negócio não foi revelado, mas a renovação do hotel, onde agora trabalham directamente 75 pessoas (mais 25 do que antes das obras), representou um investimento de 8,5 milhões de euros. Podia até ser mais meio milhão, mas a construção do "spa" teve de ser adiada porque, já depois do licenciamento do projecto, a autarquia classificou como loja histórica a inquilina Moreira da Costa, o mais antigo alfarrabista da cidade. Sem acordo, o conflito será dirimido nos tribunais.

 

Apesar do contratempo – a dona da Taylor’s ainda propôs, sem sucesso, a manutenção da livraria com a libertação da cave onde está o stock e que seria o acesso ao "spa" –, o director-geral, Adrian Bridge, adiantou ao Negócios que o hotel será ampliado com mais seis quartos, podendo essa construção avançar ainda este ano. A expansão será feita através de um edifício na vizinha Rua da Fábrica, que serviu de apoio às obras nos últimos meses, pelo qual o grupo de Vinho do Porto pagou cerca de um milhão de euros no ano passado.

 

Mandado construir pelo comendador Delfim Ferreira e inaugurado em 1951, o Infante Sagres é considerado o mais antigo hotel de luxo da Invicta, reclamando o título de primeiro cinco estrelas da cidade. Era o alojamento portuense preferido por Mário Soares e ali dormiram vários membros da realeza europeia e outras personalidades, como Dalai Lama, Bob Dylan ou os U2. Agora com uma arquitectónica recuperada por António Teixeira Lopes, 85 anos, discípulo de Rogério Azevedo, o autor do projecto original, os preços duplicaram: um quarto da tipologia mais baixa custa 250 a 280 euros, enquanto uma suíte ronda 800 a 900 euros por noite.

 

Na hotelaria não se pode oferecer sempre a mesma coisa. Se não houver essa diferenciação, ela só se pode fazer pelo preço. Adrian Bridge, director-geral da The Fladgate Partnership

"Esta é uma jóia da cidade do Porto, que oferece também um novo conceito. Na hotelaria não se pode oferecer sempre a mesma coisa, a oferta tem de ser diferenciada dos concorrentes. Porque se não houver essa diferenciação, ela só se pode fazer pelo preço", resumiu, durante uma apresentação aos jornalistas, o gestor deste grupo centenário que detém as marcas de vinho do Porto Taylor’s, Fonseca, Croft, Krohn e Romariz.

 

Outra das novidades desta segunda vida do Infante Sagres é o Vogue Café, que marca assim a chegada a Portugal deste conceito de luxo com a chancela da Condé Nast International, presente no Dubai, Moscovo ou Kiev. Explorado pela própria TFP, que confia que este "vai ser mais um cartão de visita para a cidade", o espaço conta com duas salas, um pátio interior e uma entrada própria pela Rua de Avis.

 

Quase um em cada quatro euros já vem do turismo

 

Segundo os dados fornecidos ao Negócios por Adrian Bridge, o grupo com sede em Vila Nova de Gaia, que emprega agora perto de 700 pessoas, subiu a facturação global para 116 milhões de euros em 2017, o que representou um crescimento de 14% em termos homólogos. Detentor de 12 quintas no Douro e produtor de 12 a 14 milhões de garrafas de vinho do Porto por ano – 97% das vendas são feitas no estrangeiro, com destaque para o Reino Unido, Estados Unidos e Canadá –, o negócio do vinho valeu cerca de 70 milhões de euros no ano passado.

 

O segmento do turismo, em que está englobado o Infante Sagres, é cada vez mais relevante para o grupo, pesando já quase um quarto (22,4%) no volume de negócios total. A aposta hoteleira começou em 2010, com a inauguração do The Yeatman, na zona histórica de Vila Nova de Gaia – em Maio completa o investimento de 5,5 milhões de euros para acrescentar 26 quartos a esta unidade vínica de luxo – e prosseguiu com o rural The Vintage House, no Pinhão, comprado à gestora dos antigos hotéis CS e reaberto em Maio de 2016. Do portefólio turístico, que rendeu 26 milhões de euros de receitas no último ano – fazem ainda parte as caves da Taylor’s e da Croft e as quintas durienses do Panascal e da Roêda.

 

Adrian Bridge já pensa na ampliação do Infante Sagres, que foi o primeiro hotel de luxo da cidade do Porto.
Adrian Bridge já pensa na ampliação do Infante Sagres, que foi o primeiro hotel de luxo da cidade do Porto. Paulo Duarte



Em Junho de 2017, a TFP apresentou o projecto "World of Wine", um mega complexo turístico, cultural e comercial já em construção na zona histórica de Gaia, no qual o grupo vai aplicar entre 80 a 100 milhões de euros. Dividido em cinco espaços temáticos, o projecto prevê a criação de 350 empregos directos e permanentes depois da abertura, que Adrian Bridge continua a prometer para Junho de 2020.


Ligada directamente ao vinho, o grupo está presente também na distribuição. Através do Grossão, um grossista "generalista" e que opera com todas as marcas; da On-Wine, empresa de distribuição com um posicionamento "premium"; e da Heritage Wines, que se posiciona num nicho "super-premium", essencialmente para a restauração, distribuindo as referências próprias de Porto e também marcas nacionais e internacionais de terceiros, como a Quinta do Crasto (Douro) ou a Herdade do Mouchão (Alentejo).

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