Os portos já enfrentavam dificuldades para processar volumes normais de mercadorias por causa da pandemia do coronavírus e agora precisam de resolver um problema adicional, com muitos navios atrasados a chegarem todos de uma vez ou em curtos intervalos, explica Max Wei, responsável de negócios internacionais na Speedaf Logistics. Mesmo no melhor cenário, demorará um mês ou mais para que o congestionamento seja resolvido, acrescentou.

"É problemático. Os portos da Europa já estavam sob pressão por causa da covid", disse Wei, cuja empresa é especializada no transporte de mercadorias entre África, Europa e Ásia. "Agora, recebem um volume de oferta três a quatro vezes maior de uma só vez. Além disso, a situação epidémica na Europa não está a melhorar".

O Canal de Suez, que esteve bloqueado até esta terça-feira, serve cerca de 12% do comércio global. Cerca de 450 navios estão presos, à espera de embarcar ou a navegar rumo à hidrovia. Outros decidiram fazer um desvio por África enquanto continuam os trabalhos para libertar o Ever Given, que foi parcialmente movimentado esta segunda-feira. Segundo uma autoridade egípcia, pode demorar uma semana a libertar os navios do corredor do canal.

A Speedaf tem produtos fabricados na China, como eletrónica e utensílios domésticos, presos na rota para a Europa. Wei disse que a empresa sugeriu que os clientes procurem alternativas aéreas e ferroviárias caso os produtos tenham de ser entregues com urgência.

Grace Zhou, responsável de logística internacional de uma empresa de comércio eletrónico na cidade chinesa de Yiwu, optou pela via área para entregar alguns produtos na Europa e planeia outros canais, como camiões e ferrovias, para distribuir o risco.

Zhou disse que os produtos da sua empresa incluem fatos de banho vendidos pela Amazon.com e eBay, que estão a ser alvo de grande procura agora com a proximidade da temporada de verão na Europa. Apenas algumas semanas de atraso podem colocar em risco o período de pico, disse. As taxas de frete aéreo também afetam as margens.

"Ainda estamos muito preocupados", disse a executiva. "Não temos ideia e nenhum controlo sobre quando a situação pode voltar ao normal. Enfrentamos grandes incertezas."