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Governo faz "último apelo" a estivadores e operadores
A ministra do Mar diz que está em causa a sustentabilidade do porto de Lisboa e defende a retirada dos contentores e o seu reencaminhamento para outros portos.
A ministra do Mar fez esta terça-feira 24 de Maio um derradeiro apelo ao entendimento entre o Sindicato dos Estivadores e os operadores do Porto de Lisboa para terminar a greve naquela estrutura, afirmando estar em causa a sua sustentabilidade e o emprego de todos os que trabalham e dependem do porto.
"Faço um último apelo ao sindicato e aos operadores para pôr termo a este problema. (…) O prioritário é garantir o funcionamento do porto de Lisboa e os empregos de todo os que trabalham e dependem do porto. (…) Não pode haver nenhum braço-de-ferro para permanecer com este problema", afirmou Ana Paula Vitorino aos jornalistas, em declarações transmitidas pelas televisões.
Apesar do apelo derradeiro, a ministra não deu pistas sobre qual poderá ser a actuação do Governo nesta matéria, no dia em que o Bloco de Esquerda veio exigir ao Executivo de António Costa que ponha os operadores portuários "na ordem".
Confrontada com o agravamento das relações entre o sindicato os operadores portuários de Lisboa – onde os estivadores estão em greve desde 20 de Abril -, a ministra disse que o que está em causa "é a sustentabilidade do porto" e sublinhou que este não é um diferendo novo.
"É um problema que dura há quatro anos, no próximo mês faz quatro anos de conflito social. Estamos todos envolvidos. Há um problema nacional", reconheceu a ministra, que admitiu ainda a degradação da situação na última semana, quando, "para surpresa de todos", o sindicato recusou a proposta da associação de operadores do porto de Lisboa.
A Associação dos Operadores do Porto de Lisboa manifestou na passada sexta-feira disponibilidade para extinguir a empresa de trabalho portuário Porlis – uma das reivindicações do Sindicato dos Estivadores –, em troca da qual se pedia o fim da greve. O sindicato não aceitou a proposta, colocando mais duas exigências por resolver, além do fim da empresa paralela: a resolução de "problemas com a grelha salarial" e a exigência de continuar a fazer o planeamento dos navios.
No dia em que os operadores começaram a retirar contentores do porto – uma intervenção realizada com recurso à presença policial -, a governante disse que se está a "fazer o que tem de ser feito". Segundo a responsável, a lei prevê serviços mínimos para bens perecíveis, medicamentos e agro-alimentares. "Havia contentores que não estavam a ser retirados", constatou a ministra, que se referiu à deslocação de todos aqueles que pertencem a empresas e ao seu transporte para portos como Sines, Aveiro ou Leixões.
Por outro lado, e perante a decisão anunciada esta segunda-feira pelos operadores de avançar para um despedimento colectivo em virtude da degradação da actividade, alegadamente criada pela paralisação, Ana Paula Vitorino foi peremptória: "O Governo não pode fazer nada para evitar despedimentos colectivos".