Notícia
S&P corta rating da Oi para nono nível de "lixo"
A agência de notação financeira Standard & Poor’s desceu em um nível a classificação da dívida da Oi, que está agora no nono nível de lixo, tendo voltado a colocar um "outlook" negativo.
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A Standard & Poor’s voltou a cortar a classificação da Oi, desta vez de CCC para CCC-, ou seja, do oitavo para o novo nível de "lixo" – que recai na categoria de investimento especulativo. Neste patamar, significa que há um elevado risco de incumprimento, sendo que a capacidade de pagamento depende de condições favoráveis e sustentáveis.
Além disso, considera "negativa" a perspectiva para a evolução da dívida da empresa, o que significa que pode vir a descer novamente a sua notação. Na sua decisão anterior, a 11 de Março, a S&P tinha retirado o "outlook" negativo.
Recorde-se que existem dez níveis de "junk" antes de entrar em "default", que é quando se considera que há um grande risco de falta de capacidade integral de pagamento (reembolso das suas obrigações), com poucas perspectivas de recuperação do investimento ou dos juros.
"A Oi S.A. informa os seus accionistas e ao mercado em geral que a Standard & Poor’s anunciou hoje a revisão do rating de crédito atribuído à companhia, diminuindo o rating de longo prazo na escala global de CCC para CCC-. O outlook é negativo", diz o comunicado da operadora brasileira.
No passado dia 15 de Fevereiro, a S&P cortou o rating da operadora de telecomunicações brasileira Oi, do primeiro (BB+) para o terceiro nível de "junk". Nessa altura, manteve o "outlook" negativo.
Depois, no dia 26 de Fevereiro, "voltou à carga", descendo a classificação da dívida da Oi, do terceiro (BB-) para o quarto (B+) nível de "junk". E voltou a colocar a dívida sob revisão, com implicações negativas.
Ou seja, ao manter, em ambas as decisões, o "outlook" negativo, isso significava que poderia vir a cortar de novo o rating da operadora brasileira no período de três meses. E cortou mesmo: no dia 11 de Março anunciou uma descida da notação da Oi de B+ para CCC, naquele que era o oitavo nível de "lixo". E justificou a medida com o facto de acreditar que a estratégia da operadora brasileira para reduzir o endividamento deverá envolver uma troca de dívida com algum nível de desconto.
"A Oi anunciou recentemente que contratou a PJT Partners como assessora financeira para a ajudar a avaliar as alternativas estratégicas e financeiras de modo a optimizar a sua liquidez e perfil de endividamento. Estamos convictos de que a estratégia da Oi para reduzir o seu endividamento irá provavelmente passar por uma troca de dívida com algum nível de desconto, dado o elevado nível de alavancagem e os baixos preços do mercado para as obrigações", salientava o relatório do mês passado.
E, quanto a isto, "muito provavelmente iremos avaliar uma tal transacção como estando [a empresa] em crise financeira", destacava a agência.
A S&P referia-se ao comunicado de 9 de Março, através do qual a Oi anunciou ter contratado a consultora PJT Partners como sua assessora financeira "para a ajudar na avaliação de alternativas financeiras e estratégicas que visam optimizar a sua liquidez e o perfil de endividamento". Nesse mesmo documento, a operadora dizia que manterá "os seus esforços para melhorias operacionais e para transformação do negócio, com foco na austeridade, optimização de infra-estruturas, revisão de processos e acções comerciais".
No seu relatório de 15 de Fevereiro, a Standard & Poor’s estimava que a Oi apresentasse "crescentes níveis de endividamento, uma vez que os custos mais elevados e as despesas pressionam a sua capacidade de gerar ‘cash flow’ ainda mais do que aquilo que se previa".
A 26 de Fevereiro, não foi apenas a S&P que desceu a classificação da dívida de longo prazo da Oi. A Fitch tomou a mesma decisão. E ambas justificaram a medida com o facto de a TIM (operadora da Telecom Itália) ter informado o fundo russo LetterOne que não pretende aprofundar as negociações com a Oi para avançar com uma fusão dos activos, isto depois de quatro meses de conversações.
A fusão, se fosse em frente, seria acompanhada de uma injecção de capital por parte do LetterOne que poderia ascender a quatro mil milhões de dólares.
O fracasso das negociações levou a que a S&P ficasse convicta de que a Oi enfrenta agora ainda mais desafios no sentido de reduzir o seu elevado endividamento. A mesma opinião teve a Fitch, considerando que a operadora brasileira poderá confrontar-se com graves problemas de liquidez a partir de 2017.
A 1 de Março foi a vez da Moody’s, que justificou o corte de rating da Oi com o "aumento persistente da alavancagem e o consumo de liquidez da empresa, que reduziu a flexibilidade financeira e resultou numa estrutura de capital insustentável". A agência de rating acrescentava ainda que também o fim das negociações entre a Oi e a Tim, com vista à fusão patrocinada pelo fundo russo LetterOne, pesou na decisão.
Entretanto, a operadora brasileira anunciou a 25 de Abril ter celebrado um acordo com a norte-americana Moelis & Company para assessorar a negociação com o grupo de credores de dívida da empresa. O objectivo é agilizar o processo de reestruturação de dívida.
Recorde-se que a Pharol (ex-PT SGPS) detém 27,5% do capital da Oi e que a desistência da TIM relativamente a uma fusão levou a que a empresa liderada por Palha da Silva afundasse na bolsa de Lisboa nas sessões seguintes, chegando mesmo a mínimos históricos.
A Oi tinha ficado com a PT Portugal no âmbito da aliança estratégica que acordou com a PT mas que acabou por não ser bem sucedida – o que levou a Oi a vendê-la à francesa Altice, que agora agrega os negócios da operadora (nomeadamente a marca Meo).