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Operadoras pressionam reguladores para permitir mais fusões
As empresas de telecomunicações consideram que a consolidação de mais operadores na Europa é necessária para garantir o investimento em infra-estruturas e concorrer com os gigantes mundiais.
Nos últimos anos o mercado de telecomunicações na Europa tem assistido a várias movimentações de consolidação de operadoras. Mas algumas deparam-se com barreiras impostas pelos reguladores de concorrência.
Uma situação que as empresas do sector gostariam de ver alterada, por considerarem ser um passo necessário para garantir o investimento em redes e permitir que a Europa não fique para trás neste comboio face a outras regiões. O alerta foi feito por Mats Granryd, director-geral da Groupe Speciale Mobile Association (GSMA), associação que representa mais de 800 operadoras a nível mundial.
"A consolidação é mesmo necessária na Europa", sublinhou o responsável numa entrevista citada pela Bloomberg. "Os consumidores são importantes, mas precisamos garantir que o negócio está a prosperar e que há capacidade para investir nas redes", sustentou.
O responsável da GMSA e as operadoras que integram a associação estão a pressionar os reguladores europeus para permitirem mais movimentações de consolidação para aliviar as pressões competitivas do mercado e possibilitar redução de custos.
Em Setembro do ano passado as operadoras TeliaSonera AB e Telenor ASA desistiriam de avançar para uma fusão na Dinamarca depois das críticas da responsável pela área da concorrência da Comissão Europeia. Margrethe Vestager considerou que esta movimentação poderia não trazer benefícios para os consumidores, levando ao aumento dos preços.
As intenções da CK Hutchison Holdings para a expansão dos seus negócios à Europa também não passaram no crivo dos reguladores europeus. A empresa com sede em Hong Kong recebeu uma lista de objecções de Bruxelas para os seus planos de criar a maior operadora móvel do Reino Unido através da fusão Three com a Telefonica SA’s O2. A Hutchison está também a tentar juntar a sua subsidiária italiana à VimpelCom, uma operação que pode destronar a Telecom Italia.
Os negócios pendentes
Além deste negócio, existem muitos mais pendentes de aprovação pelos reguladores europeus. A junção dos activos da Vodafone e da Liberty Global no mercado holandês e a compra da Bouygues Telecom pela Orange, em França, são outros exemplos. Caso este último negócio avance, o sector de telecomunicações francês passa de quatro para três operadoras. Uma situação que tem levantado algumas preocupações ao ministro da Economia francês, Emmanuel Macron.
"Passar de quatro para três é quase um acéfalo", disse Mats Granryd, exemplificando o mercado da Áustria como um caso saudável de consolidação. O número de prestadores de serviços no país passou de quatro para três em 2013 depois da Hutchison ter comprado a actividade da Orange neste país. E, de acordo com o responsável da GSMA, os preços não subiram.
Mats Granyrd considera que o "spin off" de infra-estruturas das operadoras é uma boa maneira para gerar dinheiro e investir no serviço ao cliente, como aconteceu recentemente com a Telecom Italia que colocou à venda a sua unidade de torres de comunicações móveis. A espanhola Telefónica também está a ponderar vender as suas torres e as infra-estruturas de ligações via cabos-submarinos através de uma oferta pública.
Em Portugal, o puzzle da consolidação está praticamente fechado, não devendo haver mais movimentações em breve. Como os presidentes executivos das principais operadoras já sublinharam várias, não há muito mais espaço depois da fusão entre a Zon e a Optimus (agora Nos), a venda da PT Portugal à Altice e a aquisição pela Apax França da Cabovisão e da Oni.