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Murteira Nabo: "Culpa que Bava terá é de ter aceite estratégia definida pelos accionistas"
Murteira Nabo contratou Zeinal Bava para a então PT. Bava que agora é suspeito de corrupção. Murteira Nabo, em entrevista à TSF/Dinheiro Vivo, diz que não sabe "nem quer saber" se Bava é corrupto.
Assumindo que a contratação de Bava para a PT foi feita por si, Murteira Nabo fala de Bava como "um excelente profissional". Não sabe se é corrupto, mas atribui-lhe uma culpa de gestão: "A culpa que ele terá é de ter aceite a estratégia que foi definida pelos accionistas", uma estratégica, acrescenta, "ruinosa para a empresa. Aí fez a opção de ficar. Eu fiz o contrário: saí em 2002 quando comecei a sentir isto".
É aos accionistas que, por isso, atribui culpas pelo que aconteceu. Para Murteira Nabo, a Vivo não devia ter sido vendida. E volta a dizer: "Respondendo à sua pergunta a questão não é o Bava; o grupo empresarial PT definiu estratégicas que a levaram à venda da Vivo. Ora uma empresa que vende uma subsidiária que representa 60% do volume de vendas e 40% dos lucros, que tem 55 milhões de clientes, e que fica sem o dinheiro e sem a indústria, o que é que quer que aconteça? A estratégia foi errada e o Bava foi apanhado por isso. Se sabia, ou se não sabia, não sei dizer".
O accionista principal da PT era o Banco Espírito Santo, de Ricardo Salgado. E é também sobre o ex-banqueiro que Murteira Nabo diz esperar que saia bem dos processos. "Não tenho opinião sobre isso. Somos amigos pessoais, gostava que saísse bem destas coisas, mas se é responsável ou não, é um assunto que não abordamos".
Murteira Nabo, que foi entretanto nomeado conselheiro do Banco de Portugal, acaba por considerar que se calhar o supervisor agiu tarde. "A sensação que temos hoje é que deveria ter decidido mais cedo. Talvez possa dizer que se eu lá estivesse faria diferente... Não sei se teria tirado ou não [a idoneidade a Salgado mais cedo], mas não deixava apodrecer tanto".
Mas "confio no governador", pelo que a sua função no Banco de Portugal será, considera, pequena, "de aconselhar em certas funções e em certos actos. Estou muito interessado em ir porque tenho ideias muito claras sobre isso que podem até não coincidir com as do governador ou com os outros, mas isso não me incomoda rigorosamente nada. Acho que foi um erro não termos resolvido os problemas na época, se calhar era até mais doloroso, mas já estavam resolvidos".