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5G: Altice Portugal equaciona se faz sentido participar no leilão e vai optar "pelo caminho da litigância"

Referindo que só há uma única candidatura conhecida, até agora, ao leilão de quinta geração (5G), que é a da Nowo, Alexandre Fonseca destacou que o que tem ouvido dos acionistas e dos operadores é a sua preocupação face à atual situação do setor.

A Meo, liderada por Alexandre Fonseca, já cumpriu a meta de levar a rede de fibra a 5,3 milhões de casas.
Ricardo Ponte
17 de Novembro de 2020 às 21:22
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O presidente executivo da Altice Portugal afirmou hoje que está a equacionar se faz sentido participar no leilão do 5G e que vai "obviamente optar pelo caminho da litigância", tecendo duras críticas ao regulador Anacom.

Alexandre Fonseca falava via 'online' no encerramento do XXIV Encontro Nacional de PME do setor das Telecomunicações, organizado pela ACIST - Associação Empresarial de Comunicações de Portugal e subordinado ao tema "Inteligência Artificial (IA) - Impacto no Futuro dos Negócios e do Trabalho".

Referindo que só há uma única candidatura conhecida, até agora, ao leilão de quinta geração (5G), que é a da Nowo, Alexandre Fonseca destacou que o que tem ouvido dos acionistas e dos operadores é a sua preocupação face à atual situação do setor.

"Tenho ouvido acionistas, para já não falar dos próprios operadores, dos maiores operadores em Portugal que dizem que estão extraordinariamente preocupados, que estão a equacionar o seu investimento no país", disse o gestor.

"Eu diria mesmo que estão a equacionar, como a Altice Portugal está, se faz ou não sentido participar no leilão do 5G", afirmou, numa intervenção onde não poupou críticas ao presidente da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), João Cadete de Matos.

E comentou: "Imaginem a vergonha para o nosso setor e para o nosso país se este leilão ficar vazio de participantes ou ficar vazio porque o espectro que é efetivamente atribuído ficará muito aquém do espectro disponível".

Para Alexandre Fonseca, "não basta dizer como o regulador tem dito 'à boca cheia'" que vai ser leiloado "muito espectro".

Isto porque "leiloar vale zero, o que interessa é atribuí-lo e, se não houver ninguém para atribuir, essa será uma vergonha nacional que ficará na história", alertou o presidente executivo.

Perante isto, "penso que para que a situação atual no nosso setor mude é preciso razoabilidade, é preciso equilíbrio, competência, conhecimento, é preciso efetivamente um conjunto de atributos que o presidente da Anacom não tem", considerou o gestor, que disse que o setor atravessa um "momento triste" e talvez o "momento mais negro da história das telecomunicações" em Portugal.

"Por tudo isto, não nos resta a alternativa, como já o dissemos publicamente, senão rever a nossa estratégia para Portugal, a nossa estratégia de investimento, com todos os impactos que daí irão decorrer", prosseguiu.

"Vamos obviamente optar pelo caminho da litigância, não há outra alternativa", asseverou, apontando que o regulador é "autista" e que não se reúne com o setor há meses.

"Este regulador optou pelo caminho de criar essa mesma litigância", rematou.

Na sua intervenção, Alexandre Fonseca lembrou que a Altice Portugal "investiu 86 milhões de euros por ano em inovação", questionando o que é que o regulador fez por isso.

O gestor questionou ainda qual foi a medida concreta tomada pela Anacom "com resultados para garantir a universalidade do acesso às comunicações de todos os portugueses", respondendo em seguida que não conhece "nenhuma".

E prosseguiu: "a única decisão tomada foi a obrigatoriedade dos operadores atuais, que investiram nos últimos 30 anos na construção de redes e infraestruturas em Portugal (...) abrirem essas redes a operadores terceiros, a operadores parasitas, que não investiram um euro em Portugal, que não construíram rede, que não criaram emprego, que não criaram valor".

Considerando que os impactos "destas medidas serão devastadores para a economia, sociedade, mas também para o emprego em Portugal", Alexandre Fonseca apontou que a Anacom e, "em particular o seu presidente, fazem mal ao setor, fazem mal a Portugal".

O presidente da Altice Portugal criticou a postura do regulador e acusou-o de pôr "em causa dezenas de milhar de postos de trabalho através de uma atitude de arrogância, na ausência de diálogo", com "visões puramente ideológicas e demagógicas" e "acima tudo também naquilo que é uma ausência de conhecimento deste mesmo setor".

Reiterando tratar-se de um "regulador zangado", acusou ainda de ser "vingativo" para com o setor, quando é criticado.

No entanto, disse, "há uma pequena luz no fundo do túnel, essa luz é que este setor que hoje está sob um ataque feroz, daqui a 10 anos cá estará, provavelmente mais pobre, com menos receita e menos rentabilidade, provavelmente com menos emprego e mais debilitado".

Mas "o presidente da Anacom de hoje será apenas - daqui a 10 anos - um pequeno episódio negro na história das telecomunicações" e "essa é a única luz ao fundo do túnel que hoje nos orienta", sublinhou o gestor.

Alexandre Fonseca lançou o repto às PME que operaram na área das telecomunicações que lutem pelo setor.

Um "repto de lutarmos pelo nosso setor, pelos nossos clientes, pelo nosso país, pela nossa economia e pela nossa sociedade, que hoje está sob ameaça, e temos de lutar antes que seja tarde", desafiou o presidente da Altice Portugal.

"A realidade é que quem de direito, quem de responsabilidade, tem que observar aquilo que se passa hoje no setor, tem que agir, e esse é um repto que também deixo, que não tenham vergonha, que não tenham medo de agir perante um regulador que destrói valor e que me parece evidente que está a mais no setor das telecomunicações", concluiu o gestor.
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