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Encontro à porta fechada de Zuckerberg alvo de críticas em Bruxelas
O escândalo da Cambridge Analytica forçou Zuckerberg a aceitar a ida ao Parlamento Europeu, mas à porta fechada. Eurodeputados da esquerda, dos liberais e até uma comissária europeia criticaram o formato do encontro.
Após semanas de negociações, o presidente do Parlamento Europeu, o italiano Antonio Tajani, anunciou esta quarta-feira que o CEO do Facebook irá, em princípio, na próxima semana, a Bruxelas. Mas a negociação trouxe um pormenor: ao contrário do que aconteceu no Senado e Congresso norte-americano, a audição na Europa será à porta fechada.
Glad that Mark Zuckerberg accepted invitation from @Europarl_EN and will come to Brussels to answer European questions on privacy. Pity this will not be a public hearing. There are more EU users on FB than there are in the US & Europeans deserve to know how their data is handled.
— Vera Jourová (@VeraJourova) 16 de maio de 2018
"Existem mais utilizadores europeus no Facebook do que há nos EUA e os europeus merecem saber como é que os seus dados estão a ser geridos", argumentou Jourová. Tajani não perdeu tempo na resposta. Também no Twitter, o presidente do Parlamento Europeu disse que a decisão era da conferência de presidentes. E acrescentou um ataque: "Não é o seu trabalho controlar ou criticar o Parlamento Europeu".
Mas o italiano ficou praticamente sozinho na defesa do encontro. Também o líder dos liberais europeus (ALDE), Guy Verhofstadt, anunciou que não irá encontrar-se com Zuckerberg se o encontro for à porta fechada. "Tem de ser uma audição pública - porque não um directo no Facebook?", questionou, acusando Partido Popular Europeu (PPE) de se ter aliado à extrema-direita para manter o encontro privado.
Zuckerberg must appear before the @Europarl_EN under the same conditions as he did on Capitol Hill, in a public hearing before the LIBE committee and not in one or other restricted meeting behind closed doors. pic.twitter.com/PcFx0JOs8f
— Guy Verhofstadt (@guyverhofstadt) 15 de maio de 2018
Os socialistas europeus (S&D) também criticaram o encontro. "Estamos contentes que Mark Zuckerberg tenha aceitado vir ao Parlamento, mas o encontro deverá ser aberto e transparente", escreveu o segundo maior grupo político europeu num tweet. A mesma exigência foi feita pela eurodeputada dos Verdes, Ska Keller, assinalando que "os europeus não são utilizadores do Facebook de segunda classe".
O PPE fica assim isolado entre as principais forças europeias, tendo o apoio da extrema-direita. Manfred Weber, o líder do grupo, disse apenas que a ida de Zuckerberg ao Parlamento Europeu é uma "mensagem forte" para os consumidores europeus.
Está prevista uma audição pública com funcionários do Facebook, mas sem o CEO. Existirá uma uma audição conjunta com o Facebook e outras partes interessadas para fazer uma análise aprofundada dos aspectos relacionados com a protecção de dados pessoais. Um dos temas em destaque será o "potencial impacto nos processos eleitorais na Europa".
Apesar de ter aceitado o convite do Parlamento Europeu, Mark Zuckerberg rejeitou o mesmo convite feito pelo Parlamento britânico. Mas aceitou o convite de Emmanuel Macron para um encontro no Eliseu.